sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

António Aleixo - Poeta Popular Algarvio 1899-1949


Recebi hoje um email de um amigo, com quadras do poeta popular António Aleixo. Em 1973, o Rotary Club de Ovar ofereceu-me desse poeta "Este livro que vos deixo" que vorazmente li e que anos mais tarde viria também a fazer as delícias das minhas filhas, alimentando algumas das suas traquinices comigo. Deixo aqui duas quadras intemporais daquele poeta, cuja crítica social acutilante, revela uma enorme profundidade filosófica:


Engraxadores sem caixa

Há aos centos na cidade

Que só usam da tal graxa

Que envenena a sociedade.


P'ra mentira ser segura

E atingir profundidade

Tem de trazer à mistura

Qualquer coisa de verdade

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ilhas artificiais do Dubai poderão estar a afundar-se

Este é o título de uma notícia no Expresso. E com as ilhas, correm o risco de se afundar muitas instituições financeiras. Adicionando a crise da Grécia e de outros países cujas finanças públicas são preocupantes, nomeadamente Portugal, a instabilidade é latente. O sistema financeiro continua preso por fios.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

OPA à Cimpor - quem compreende a decisão da CGD?

A Cimpor tem sido muito cobiçada recentemente, especialmente por grupos brasileiros. É uma boa empresa, com forte internacionalização, pelo que o facto não causa estranheza. O curioso é que, enquanto o Grupo Teixeira Duarte directa ou indirectamente, vendeu 28,63% das acções da Cimpor à Camargo Corrêa, SA ao preço de 6,5€ por acção, a CGD rejeita a oferta da CSN a 6,18 € e fez um acordo para a venda à Votorantim a ... 5,85 €! Acresce que a Teixeira Duarte ainda negociou várias cláusulas, incluindo p.e. a possibilidade de embolsar mais valias se a empresa compradora as vender acima de 6,5 €. Em comunicado de hoje, o Conselho de Administração da Cimpor desaconselha a venda na OPA a 6,18 € porque considera o valor baixo e toma como referência o valor negociado pela Teixeira Duarte. A CGD vai ter que explicar muito bem - porque é de dinheiro público que se trata - porque escolheu este comprador para celebrar o acordo e porque o faz a 5,85 €.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Crise - desconfiança e falta de credibilidade

Na maioria das crises, os seus sintomas são perceptíveis muito antes destas deflagrarem. É comum, políticos e gestores, "empurrarem os problemas com a barriga", seguindo o bem conhecido princípio "de quem vier atrás que feche a porta". Alguns inconformados, continuam a apregoar aos 4 ventos a realidade, que os demais se recusam a ver, ou a admitir. Raramente alguém os toma a sério. Pelo contrário, são conotados como extremistas perigosos, velhos do Restelo, ou simplesmente dementes a precisar de internamento psiquiátrico compulsivo. Depois, de forma abrupta, emerge o monstro da crise, quase sempre associada a um grave problema de desconfiança, falta de credibilidade ou incumprimento. E claro, as crises também têm diferentes dimensões e nós já estamos habituados, porque nos encontramos quase ininterruptamente em crise, há várias décadas. Mas esta coincidiu com uma grave crise internacional. Desta vez, é mesmo das graves, mas a generalidade das pessoas ainda não tomou consciência disso. A avaliar pelo que está previsto no Orçamento de Estado de 2010, também ainda não será este ano, a menos que algo corra muito mal. Para agora, são só aspirinas para as dores de cabeça. Mas em 2011 e seguintes, será inevitável. Vamos a ver o que nos reserva o PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento a apresentar a Bruxelas. O Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, afirmou ontem em entrevista dada à "BBC News", que "Portugal não vai sair da zona euro" e que “Estamos muito longe desse cenário. Não penso que a situação resulte num tal desfecho”. Para bom entendedor meia palavra basta.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A corda pode partir

O Ministro das Finanças Teixeira dos Santos, foi subtil mas claro. Esticou a corda e deixou subentendido que amanhã esta poderá partir. Discordando eu de muitas medidas que foram tomadas nos últimos meses, concordo em absoluto com a sua posição. A oposição deu um tiro no pé e prestou um péssimo serviço ao País. É por estas e por outras que depois não se pode estranhar que mesmo governando mal, Sócrates continue a ser o preferido. É que as alternativas, não o têm sabido ser.

Situação Política Nacional - Está tudo doido?

A Lei das Finanças Regionais corre o risco de ser a guilhotina na credibilidade do Estado português. Não gosto da forma prepotente como o Primeiro Ministro tem conduzido o País nos últimos 2 anos. Mas quando finalmente o País parece ter acordado para a gravidade da situação das finanças públicas, é absolutamente incompreensível a atitude irresponsável dos partidos da oposição. Veja-se o que aconteceu ontem às taxas de juro da dívida pública, veja-se o que aconteceu hoje à bolsa de Lisboa e ainda a procissão vai no adro. É minha profunda convicção que a situação das finanças públicas é muito mais grave do que a que é do conhecimento geral. O défice real das contas públicas portuguesas, deverá ter atingido em 2009 um valor que se situará entre os 11 e os 12% do PIB. Está é camuflado.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta


Admiro Mário Crespo, o seu discernimento, independência e profissionalismo. Solidariamente indignado, transcrevo o seu artigo.

"Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada."

Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicacado hoje (1/2/2010) na imprensa.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Como a política portuguesa é reles!"

Foi desta forma contundente que Silva Lopes se referiu hoje na conferência "O ESTADO E A COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA PORTUGUESA” promovida pela RTP1 e Antena 1 ( com o apoio do Jornal de Negócios e da Faculdade de Economia da Universidade Nova), ao facto de só recentemente ter sido divulgado que o défice das contas públicas era de 9,3%, quando segundo o mesmo, o Governo já o conheceria desde Junho de 2009 e deliberadamente o escondeu dos eleitores.

Acordo ortográfico

Tenho a estranha sensação que o novo acordo ortográfico é pura perda de tempo. Em Portugal, estamos muito à frente. Um dos meus "amigos" do hi5 adora-me e escreveu-me uma mensagem:

"dia mxm fixe konvosko....nunka me vou eskuexer”, acrescentando, “a amizade xupera as porras kue akontexem na vida´h”.

No próximo trabalho de um grupo do Novas Oportunidades, vou sugerir a elaboração de um dicionário de linguagem Tech. Podia ter como título: "i manu kue xena lol".