segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Acredito mais no gráfico do que nos políticos



A Bolsa Portuguesa e o Orçamento de Estado: aqui fica a opinião de Ulisses Pereira, um brilhante e bem sucedido "trader" de Aveiro, publicada no Jornal de Negócios. Sou um grande utilizador da Análise Técnica e concordo plenamente com a visão de Ulisses Pereira.
"Quando, há algumas semanas atrás, escrevi que caso o PSI quebrasse a sua resistência, seria o prenúncio de que o Orçamento de Estado seria aprovado tive que ouvir alguns amigos meus dizerem que eu estava a ensandecer e que já não bastava fazer análises através de uns rabiscos nos gráficos quanto mais achar que o país era movido pelos gráficos. Há duas semanas atrás, o PSI quebrou mesmo a sua resistência e, a partir daí, na minha cabeça ficou claro que o Orçamento iria ser aprovado.

O mercado tem uma enorme capacidade de antecipação. A verdade é que - quase sempre - o grande capital não só conhece as decisões como tem capacidade para as influenciar. E, tal como escrevi há algumas semanas atrás, uma das razões pelas quais sou um grande defensor da análise técnica é que, ao contrário das pessoas, os gráficos não mentem. E, apesar da sua frieza, neles conseguimos perceber emoções, decisões, medo e ganância.

E foi curioso como, no meio deste turbilhão de declarações e indefinições políticas, em conversa com deputados do PSD (o partido que, verdadeiramente, decide a aprovação do Orçamento) eles me diziam estarem convencidos que não ia haver mesmo aprovação e que eu os contrariava, porque o gráfico da Bolsa portuguesa dizia claramente que sim.

Lembro-me sempre da dicotomia política versus economia quando ocorrem segundas e terceiras fases de privatizações. Nessa altura, questionam-me sempre se, antes dessas fases ocorrerem, não haverá tendência para o Governo tentar, de alguma forma, puxar pelo preço das cotações da empresa para poder vender a melhor preço. Quase sempre ocorre o contrário, o grande capital consegue pressionar em baixa as cotações para poder comprar mais barato. Raramente a política vence os fortes interesses económicos.

Mas olhemos para o gráfico. Quando há duas semanas atrás, o PSI quebrou a zona de resistência entre os 7500 e os 7600 pontos, o mercado português deu o sinal de compra de curto/médio prazo que há tanto tempo vinha referindo. O índice português tem a resistência mais forte apenas nos 8900 pontos, embora possa ter uma resistência mais ténue na zona dos 8300 pontos, último máximo relativo deste ano.

Naturalmente que, em termos de longo prazo, continuo a defender que só podemos decretar o "Bull Market" (como se isto dos mercados funcionasse por decreto…) em caso de ruptura da grande resistência dos 8900 pontos, a grande muralha do mercado português. Contudo, em termos de curto/médio prazo, enquanto o PSI se mantiver acima da resistência quebrada dos 7500/7600 pontos (novo suporte) os touros estão no controlo da situação.

Estranho mundo este em que acredito mais num gráfico do que na palavra de quem toma decisões. Estranho mundo este em que os banqueiros, no momento da tomada de decisão, visitam o partido da oposição. Mas este é o mundo real. O nosso. Aquele em que os políticos preferem fingir que negoceiam na praça pública em vez de se reunirem como no mundo real.

Se o Orçamento não for aprovado, terei que aturar os meus amigos a dizer que tinham razão. Nesta altura, pelas declarações dos políticos, tudo parece apontar para isso mas, como disse, acredito mais nos gráficos do que nas palavras dos políticos. E é por isso que sou daqueles que acha que vai mesmo haver Orçamento. Será desta que os gráficos me atraiçoam?




Eixo vertical: Pontos; Eixo horizontal: Volume (Milhões de euros x 100).

O mercado tem uma enorme capacidade de antecipação e o grande capital não só conhece as decisões como tem capacidade para as influenciar.

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