domingo, 30 de janeiro de 2011

JOSÉ RÉGIO - Soneto


'José Régio e o seu burro' - por Hermínio Felizardo

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
JOSÉ RÉGIO

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eleições Presidenciais: que escolha tão difícil!!!

Estamos no final da campanha para as presidenciais e estou com muita dificuldade em escolher o melhor candidato. É que todos eles têm algumas características que me agradam. Eu gosto muito de ilusionismo e de humor e da Madeira saltou um Coelho da cartola. À falta dos Gato Fedorento e do Contra Informação,José Manuel Coelho daria muito colorido à política portuguesa! Também sou um fervoroso adepto das novas tecnologias. Eu não conhecia Francisco Lopes, mas ao ouvi-lo traz-me à memória as saudosas cassetes de fita, mas agora com música de alta definição e uma imagem Full HD em suporte Blu Ray. Seria por isso também uma boa opção Hi Teck! Gosto muito de ouvir Defensor Moura e a sua cruzada contra a corrupção. É um tema que preocupa a maioria dos portugueses (dizem). Sei que na AR ele está muito condicionado, mas se fosse PR tenho a certeza que aí seria muito diferente. Além disso, ele é médico. Ainda há dias, interrompeu a campanha para participar na AR no debate sobre a Saúde. Parece que também há para aí um despesismo nos hospitais... Então não seriam razões mais que suficientes para o escolher para PR? E Manuel Alegre que é um poeta? Percebe de literatura e todos reconhecem como a política anda carente de cultura. De há uns anos a esta parte, só falam de crises e de números. A falta que faz alguém na PR que tivesse lido o que Guerra Junqueiro, Eça de Queirós e outros escreveram sobre os políticos portugueses! Depois, Portugal vive um momento dífícil, com um Governo minoritário e faz falta alguém capaz de consensos. Quem como Manuel Alegre, conseguiria a proeza de ter Deus e o Diabo (os personagens são de interpretação livre) a apoiá-lo entusiasticamente? Por isso, Manuel Alegre é sem dúvida um excelente candidato! Mas talvez por eu ser economista, tenho uma grande admiração por Cavaco Silva. Este, fez um belíssimo mandato, onde a relação com o Governo foi exemplar, escutando-se reciprocamente sempre que necessário. Teve a experiência de ter recebido o FMI quando nos visitaram na década de 80, se não fosse o tempo que esteve à frente da pasta das Finanças, depois como Primeiro Ministro e agora como Presidente da República, já onde isto iria! Aliás, quem não se lembra quando em 2006 ele nos prometeu que ia lutar por um futuro melhor para Portugal? E mais, ele já disse que agora ainda vai ser mais a sério! Ah, lembrei-me de outro argumento: Paulo Portas disse na grande entrevista a Judite de Sousa, que seria nele que confiava o seu dinheiro. Por isso, será seguramente uma opção extremamente acertada e de sucesso garantido! E há ainda Fernando Nobre, também médico, um humanista preocupado com as causas sociais que também muito me tocam. Ele tem qualquer coisa de fascinante que eu bem compreendo: caminha junto ao abismo sem se atemorizar! Hoje, usou palavras semelhantes às que usei numa entrevista em 2007: "que as pessoas deviam pensar pela sua cabeça e não andar acarneiradas". Olha-se e vê-se através dele. E tem uma vasta experiência na AMI, ajudando as pessoas que vivem em países no limiar da pobreza ou na mais completa indigência. Por isso, quem melhor do que ele para a Presidência da República Portuguesa em 2011?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mercados vs. Dívida Pública - FMI em Portugal: Haverá duas sem três?

"O FMI já entrou em Portugal por duas ocasiões – em 1977 e em 1983. Caso para dizer: Haverá duas sem três?". É desta forma que o Millennium Investment Banking, depois de uma análise aos mercados Grego, Irlandês e Português, termina o "Tópicos II" de hoje. Este sentimento contrasta profundamente com o optimismo que o Governo Português se tem esforçado por transmitir relativamente à colocação da dívida portuguesa. Para quem esteve atento ao comentário de Cavaco Silva ao alegado sucesso, não passou despercebida a referência a que teria que saber primeiro quem comprou a dívida, para se poder pronunciar. A insistência da comunicação social estrangeira sobre a origem dos compradores e as respostas evasivas de Teixeira dos Santos, deixaram perceber o que Cavaco Silva seguramente já sabia: as prévias negociações com a China para a compra de dívida portuguesa, foram a verdadeira razão porque a procura foi elevada. Se ainda assim a taxa esteve próxima dos 7%, o sinal é claro: o mercado mantém a desconfiança sobre Portugal e quando assim é, o prémio de risco continua elevado. Demasiado elevado, porque seremos todos nós que pagaremos estes juros. Assim, por mais sacrifícios que se façam, o endividamento continuará a aumentar e o monstro a crescer. Até quando?

Justiça arquiva processo contra JP Sá Couto

"A empresa que produz o Magalhães era suspeita de fraude e fuga ao IVA, mas o caso não vai chegar a tribunal, por não ser possível em tempo útil apurar a situação tributária dos implicados." in Tek-Semanal.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Políticos, Mercados e FMI

Bem podia ser uma nova versão do clássico western "Feios, Porcos e Maus". E não forçosamente por esta ordem. Mas é apenas uma referência pessoal, para expressar a minha opinião sobre o eventual pedido de ajuda de Portugal à UE e ao FMI. No dia 5 deste mês escrevi o post "Maktub", onde ficou implícito que o destino estava traçado. Em 25/10/2010, no meu post "Acredito mais nos gráficos do que nos políticos" onde citei a opinião de Ulisses Pereira um respeitado trader de Aveiro que a propósito do OE 2011 concluia que os mercados já tinham mostrado que acreditavam que este iria ser aprovado não obstante as declarações políticas em sentido contrário. Os gráficos eram o reflexo disso. Na passada sexta-feira, a Bolsa de Lisboa teve uma forte queda, superior a 3% e no mesmo dia, os juros da dívida soberana portuguesa ultrapassavam os 7%. A comunicação social fez eco de notícias estrangeiras que dão conta que estará para breve o "resgate" de Portugal. Sócrates desvaloriza as notícias e afirma que Portugal vai cumprir o objectivo para 2010 e que isso acalmará os mercados. Só que os mercados já não acreditam que Portugal faça o que tem que ser feito: reformas estruturais sérias e arrojadas! Não é com tretas como a integração do Fundo de Pensões da PT para baixar o défice! Até pode ser legal, mas é completamente errado que a integração do fundo de pensões da PT possa baixar o défice. É pura cosmética da contabilidade pública nacional com o aval da UE. Mas para os mercados, isso NÃO VALE NADA! Conheço razoavelmente políticos e mercados. E como Ulisses Pereira, acredito muito mais no que dizem os segundos. O FMI está à porta! A obstinação de Sócrates e as consequências políticas das presidenciais de Janeiro, devem fazer retardar o pedido de ajuda. Mas ele está iminente.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Maktub

É uma expressão árabe e significa "estava escrito". Em Portugal costumamos dizer com um sentido próximo, "fatal como o destino". Pois é, parece que o destino está traçado.
Hoje, o Tesouro Português emitiu Bilhetes do Tesouro a uma taxa superior em 80% à de Setembro passado! Também hoje o banco central da Suíça anunciou ter deixado de aceitar títulos de dívida da Irlanda, como colateral nas suas operações de cedência de liquidez e isto já depois da intervenção do BCE e FMI! Os níveis de confiança nos estados soberanos estão pelas ruas da amargura. Também hoje, o reputado economista Nick Mathews do Royal Bank of Scotland, afirmou que neste 1.º trimestre do ano Portugal deverá solicitar a ajuda internacional.
Maktub!

Nascer do sol no Sahara


Uma beleza diferente e imperdível para quem ama a natureza!