sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Desafio público aos pilotos da TAP!

Parece que feri algumas susceptibilidades com o post anterior. Como assumo com frontalidade as minhas posições aqui deixo a sua fundamentação:
1- A legislação vigente impõe que uma sociedade quando perde metade do seu capital social, terá de repor aquele nível mínimo ou deve ser liquidada;
2- Os capitais próprios da TAP em 31/12/2010 eram negativos em 264,811 milhões de euros; no ano anterior eram negativos em 204,626 milhões de euros; em rigor, já não deviam ser designados capitais próprios, mas sim apenas capitais alheios;
3- O Passivo da TAP em 2010 era de 2.351,634 milhões de euros; no ano anterior era de 2.229,021 milhões de euros;na prática, se todos os activos da empresa conseguissem ser vendidos pelo valor que estão contabilizados, o que certamente não aconteceria - veja-se o exemplo do BPN -, ficaria "um buraco" de 265 milhões de euros; como a TAP só consegue empréstimos com o aval do Estado, os empréstimos terão que ser pagos pelos nossos impostos;
4- A TAP há vários anos que está em falência técnica e apenas sobrevive porque tem aumentado as suas dívidas e porque os seus prejuízos são garantidos ou pagos pelo Estado, que relativamente à TAP não faz cumprir a legislação, senão já teria aumentado o seu capital com os nossos impostos ou encerrado a empresa;
5- Há mais de 10 anos que a TAP está para ser vendida e é-nos transmitida uma pseudo fantástica recuperação da TAP, apresentando Fernando Pinto como o gestor modelo, quando haveria centenas de gestores portugueses tão ou mais capazes e que custariam um décimo ou menos do que lhe estamos a pagar; reavaliar património e alienar imobilizado como foi feito alguns anos, melhora os indicadores mas não altera nada do ponto de vista estrutural;até um estagiário saberia fazer isso;
6- Este mês os contribuintes portugueses estão a pagar um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal para cobrir o défice exagerado provocado por gestões danosas dos dinheiros públicos, entre as quais a da TAP; algumas das pessoas afectadas com este corte de vencimento, ganham pouco mais que o salário mínimo e trabalham 40h por semana, sem direito a viagens gratuitas de avião para si e para a família;
7- Os pilotos da TAP são um dos grupos profissionais mais bem pagos e de menor dimensão dentro da TAP mas a sua greve paralisa a empresa; por acaso não aderiram à greve geral em Novembro, mas infelizmente não puderam trabalhar devido à greve dos demais trabalhadores da TAP;
8- Corre na internet, uma listagem das remunerações e prémios dos pilotos, indicando nominalmente o que cada um recebeu nos últimos tempos (estou a ponderar a publicação da listagem); se compararmos os valores auferidos por pilotos da Força Aérea, perceberemos a verdadeira dimensão das vantagens dos pilotos da TAP; também poderíamos comparar com as remunerações de outras profissões altamente qualificadas da administração pública, p.e. cirurgiões de referência internacional;
9- Não há solidariedade dos pilotos da TAP com quem ganha o equivalente a uma ínfima parte das suas remunerações, a maioria dos quais não usa nem nunca usou o avião como meio de transporte, mas que tem que contribuir para suportar o insuportável custo desta greve; tal como foi invocado o interesse nacional para a aplicação de medidas absolutamente excepcionais como a perda de 2 vencimentos aos funcionários públicos e pensionistas no próximo ano, devia o mesmo interesse nacional ser invocado para determinar a requisição civil dos pilotos; Espanha fez o mesmo com os controladores aéreos há cerca de um ano.
10- A TAP tem garantido padrões de segurança elevados, mas isso não chega; a sobrevivência no competitivo mercado do transporte aéreo não se compadece com as "mordomias principescas" a que muitas classes de trabalhadores da TAP, com destaque para os pilotos se habituaram; O que aconteceu recentemente na Quantas na Austrália ou na American Airlines nos USA, deviam ser exemplos a ter presente. Mas não. Prevalecem as decisões egoístas e irresponsáveis! E com toda a veemência, estou farto de dar para este peditório! Deixo um desafio público aos pilotos da TAP. Se as remunerações e benefícios adicionais são assim tão maus divulguem-nos e não se prendam em nacionalismos: procurem outra transportadora aérea para trabalhar!

2 comentários:

  1. Continua uma argumentação reacionária. O governo e a direita é que tem a tendência de ver tudo como pela lupa da despesa e, pelo meio, costumam atacar os trabalhadores ou tentar dividi-los pela inveja e pelo rendimento de cada um deles

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  2. O principal argumento é que a TAP está em falência técnica há já muitos anos. Se a empresa fosse privada, nada tinha a opor a essa ou a qualquer outra greve. Mas é pública e é também com o dinheiro dos meus impostos que são pagos os insustentáveis défices de exploração. Há poucos meses, até a Ryanair ridicularizou a greve da TAP ao agradecer pelo acréscimo de clientes que a greve provocou. O Governo podia vender a TAP aos pilotos por um euro e já seria um grande negócio para o Estado.

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