http://www.jornaldenegocios.pt/economia/financas_publicas/detalhe/cesar_das_neves_se_alguem_pode_dizer_se_roubado_nao_sao_os_actuais_pensionistas.HTML
César das Neves: um economista sem palas nos olhos.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
sábado, 26 de janeiro de 2013
Este País cansa-me!
É imensa a demagogia e as barbaridades que diariamente nos são transmitidas. Dos políticos à comunicação social, passando por estruturas representativas de interesses corporativos, muito poucos são aqueles que distinguem o fundamental do acessório e que são capazes de uma análise sem palas partidárias, tendo uma visão para o futuro. Se ao menos estivesse bom tempo para ir para a praia: é que este País cansa-me!
terça-feira, 15 de maio de 2012
"Se não sabes, aprende; se já sabes, ensina" Confucio
Um pensamento filosófico de Confúcio, que viveu há mais de 2.500 anos: contraponto à presunção, ao egoísmo e à competição sem limite que caracterizam uma parte significativa da sociedade contemporânea.
domingo, 13 de maio de 2012
Hoje é a final da taça de futebol feminino no Jamor
Daqui a cerca de uma hora, inicia-se no Jamor a final da taça de futebol feminino entre o 1º de Dezembro de Sintra e o Clube de Albergaria-a-Velha. A equipa do 1.º de Dezembro é a clara favorita sendo que mantém a invencibilidade há 130 jogos! Mas o Clube de Albergaria (treinado por uma mulher), já demonstrou que tem uma enorme determinação e empenho e que está muito motivada para contrariar esse favoritismo. A RTP2 vai transmitir o encontro e o meu coração vai bater mais forte pela equipa de Albergaria!
sábado, 12 de maio de 2012
Armando Vara - Futuro presidente da Cimpor?
Com os bons conhecimentos de robalos, eu a pensar vê-lo à frente de uma empresa do sector das pescas e afinal parece que vai presidir à Cimpor! É o problema deste País: não se aproveitam os talentos de cada um!
Economia portuguesa: e depois da crise?
Não é uma nova versão do "e depois do adeus" que Paulo de Carvalho levou à Eurovisão em 1974. É uma constatação económica. As maiores empresas portuguesas, incluindo as que ainda têm capitais públicos e que são estruturantes para a economia do País, estão a ser vendidas, não por uma opção política ou de gestão, mas porque os seus actuais detentores do capital estão em asfixia financeira. CGD, demais Banca e Fundos de Pensões, por absoluta necessidade, estão a desfazer-se das posições em grandes empresas, vendendo-as a preços de saldo. Do lado comprador, aparecem brasileiros, árabes chineses, angolanos, etç. Isabel dos Santos que já tinha uma posição importantíssima em vários bancos e na Galp, também comprou agora 15% da ZON. A Cimpor está sob uma OPA de capital brasileiro. EDP, EDPR e REN foram parar aos chineses e a última também a arábes. E a procissão ainda vai no adro. No final, a macro estrutura produtiva em Portugal, terá todos os centros de decisão estrangeiros e com capital português, teremos as micro, as pequenas e as médias empresas. Serão estas que mais marcarão o desenvolvimento futuro da economia portuguesa e a criação de emprego. Mas é curto.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Sony - outro gigante em dificuldades
Os prejuízos da Sony aumentaram 75% no último ano. No ano fiscal que terminou em março as perdas dispararam para os 4.423 milhões de euros.
Chineses e a EDP: não pagamos, não pagamos!
Os chineses gastronomicamente comem tudo, mas nos negócios não comem gato por lebre.
A Three Gorges está a condicionar o pagamento dos 2,7 mil milhões de euros, relativos à compra de 21,35% do capital da EDP, à prévia clarificação oficial do Governo português das rendas ao sector energético. Faz todo o sentido essa alteração das rendas, mas devia ter sido feita antes da privatização.
Isaltino escapa à condenação por corrupção
In "O Sol":
"O autarca Isaltino Morais já escapou à condenação pelo crime de corrupção no processo das contas na Suíça, mesmo tendo ficado provada a sua culpa. O processo relativo a este crime já foi arquivado e o Ministério Público não pode fazer nova acusação pois os factos já prescreveram, diz o “Sol”.
Em Julho de 2010, o Tribunal da Relação de Lisboa tinha confirmado a condenação do autarca decretada pelo Tribunal de Oeiras, mas anulou a parte relativa ao crime de corrupção, invocando uma irregularidade processual. Na altura, a Relação ordenou a repetição dessa parte do julgamento. Em causa está o favorecimento de um empreiteiro a troco de dinheiro (quatro mil contos), em 1996.
Essa repetição aconteceu na quinta-feira da semana passada no Tribunal de Oeiras de onde Isaltino Morais saiu, em 2009, condenado a sete anos de prisão por corrupção passiva, fraude fiscal, abuso de poder e branqueamento de capitais. Pena mais tarde reduzida a dois anos.
Isaltino Morais recusou-se porém a ser julgado por novo crime de corrupção e por isso mesmo o tribunal fica impedido, por lei, de o fazer. Agora apenas o Ministério Público o poderia fazer mas, segundo o semanário “Sol”, o crime já prescreveu no ano passado."
"O autarca Isaltino Morais já escapou à condenação pelo crime de corrupção no processo das contas na Suíça, mesmo tendo ficado provada a sua culpa. O processo relativo a este crime já foi arquivado e o Ministério Público não pode fazer nova acusação pois os factos já prescreveram, diz o “Sol”.
Em Julho de 2010, o Tribunal da Relação de Lisboa tinha confirmado a condenação do autarca decretada pelo Tribunal de Oeiras, mas anulou a parte relativa ao crime de corrupção, invocando uma irregularidade processual. Na altura, a Relação ordenou a repetição dessa parte do julgamento. Em causa está o favorecimento de um empreiteiro a troco de dinheiro (quatro mil contos), em 1996.
Essa repetição aconteceu na quinta-feira da semana passada no Tribunal de Oeiras de onde Isaltino Morais saiu, em 2009, condenado a sete anos de prisão por corrupção passiva, fraude fiscal, abuso de poder e branqueamento de capitais. Pena mais tarde reduzida a dois anos.
Isaltino Morais recusou-se porém a ser julgado por novo crime de corrupção e por isso mesmo o tribunal fica impedido, por lei, de o fazer. Agora apenas o Ministério Público o poderia fazer mas, segundo o semanário “Sol”, o crime já prescreveu no ano passado."
terça-feira, 8 de maio de 2012
Cimpor - facetas de uma OPA, no País dos saldos
A Cimpor é um dos casos de maior sucesso na internacionalização de uma grande empresa portuguesa com actividade relevante em Espanha, Cabo Verde, Brasil, Egipto, Turquia, Tunísia, Marrocos, África do Sul, Moçambique, China e Índia. Infelizmente, há muito que o centro de decisão deixou de ser português pois os maiores accionistas, são ambos brasileiros: Camargo Corrêa e Votorantim. A primeira lançou uma OPA (Oferta Pública de Compra) à Cimpor, ao preço de 5,50€ por acção e a segunda diz que não aceita a proposta. A portuguesa Semapa tentou reagir, mas a CGD e o Fundo de Pensões do BCP informaram que já decidiram vender na OPA. O PS pela voz do deputado e ex-presidente da AICEP, Basílio Horta, contestou a decisão da CGD e na minha opinião, com fundadas razões. Mandou a necessidade, mais que a oportunidade, pois ainda há menos de dois anos, a CGD recusou vender numa OPA à Cimpor de valor bem superior. A administração da Cimpor, sem se comprometer excessivamente, sempre disse que entende que o valor é baixo e não reflecte o real valor da Cimpor nem um prémio de controlo. A Camargo Corrêa, está agora a tentar negociar permutas de fábricas no exterior, com a Votorantim e esta a fazer "render o peixe" até alcançar os seus objectivos. Nesta conjuntura económica de falta de liquidez, o mercado bolsista lisboeta, ao estabilizar a cotação no valor da OPA, evidencia que já não acredita em grandes alterações. A CMVM (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários), que como regulador tem uma palavra decisiva vai seguramente estar atenta aos contornos da proposta e aos termos da permuta. Mas tudo estará já quase decidido e o futuro da Cimpor (que de portuguesa já tinha pouco), no final desta OPA, não terá quase nada e não passará de uma "filial" da Camargo Corrêa. É que, o que realmente está em disputa, é o mercado brasileiro, principal, mais lucrativo e dinâmico activo da Cimpor e ainda uma bem sucedida internacionalização sobretudo na Ásia e na África, em países com um potencial de crescimento elevado.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
11º convivio dos antigos alunos da Escola Industrial de Ovar
Será já no próximo dia 2 de Junho, na Quinta Jusã em Valega, que se realizará o 11º convivio dos antigos alunos da Escola Industrial de Ovar.
Os colegas organizadores, Ana Paula, Jacinto Rocha e ZÉ Pereira, agradecem a divulgação do evento.
O almoço buffett inicia-se cerca das 12h30 e o preço é de 20€ por pessoa. A organização garante que o mesmo será do género dos anteriores mas ainda mais recheado e com melhor atendimento...
As inscrições deverão ser feitas impeterivelmente, até ao dia 25 de Maio com pagamento prévio para os seguintes contactos:
geral@quintajusa.com ; 256 382 686 ; 917 642 697 (ou no próprio local)
apam52@hotmail.com ; 963 957 954
Ana Paula Marques
Rua Camilo Castelo Branco nº 79 r/c Esq.
3880-096 Ovar
Divulga a iniciativa e participa também!
Os colegas organizadores, Ana Paula, Jacinto Rocha e ZÉ Pereira, agradecem a divulgação do evento.
O almoço buffett inicia-se cerca das 12h30 e o preço é de 20€ por pessoa. A organização garante que o mesmo será do género dos anteriores mas ainda mais recheado e com melhor atendimento...
As inscrições deverão ser feitas impeterivelmente, até ao dia 25 de Maio com pagamento prévio para os seguintes contactos:
geral@quintajusa.com ; 256 382 686 ; 917 642 697 (ou no próprio local)
apam52@hotmail.com ; 963 957 954
Ana Paula Marques
Rua Camilo Castelo Branco nº 79 r/c Esq.
3880-096 Ovar
Divulga a iniciativa e participa também!
domingo, 6 de maio de 2012
Euro em queda acentuada
A pré-abertura do mercado em Tóquio, está já a acentuar a queda do euro contra o dólar e contra o iéne. Vem aí um dia movimentado...
Eleições na Grécia e França
Os resultados das eleições na Grécia e França, vão constituir um importante teste ao futuro do euro e da própria união europeia. O euro começa já a dar conta do nervosismo e neste momento está a desvalorizar-se face às principais moedas. Amanhã veremos como reagem os outros mercados. Nunca o risco do fim da União Europeia e do Euro foi tão real e tão intenso!
sábado, 5 de maio de 2012
Camarate – A confissão do atentado
Tenho consciência que os posts publicados sobre o caso Camarate foram muito extensos e inadequados a este canal de comunicação. Mas a confissão de Fernando Farinha Simões parece-me de uma importância enorme. A história do Portugal contemporâneo necessita do esclarecimento da verdade. As famílias enlutadas merecem-no. Há acusações e afirmações de tal forma graves nesta confissão que não podem deixar de ser esclarecidas. São os próprios pilares da jovem democracia portuguesa que podem estar assentes em areias movediças. Mesmo com os crimes prescritos há esclarecimentos que terão que ser feitos. Pelo menos, assim o espero.
ASSASSINATO DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO - CONFISSÃO DE FERNANDO FARINHA SIMÕES - Parte 8 (última)
Continuação...
"Estou na prisão com o Victor Pereira, que aí também estava preso.
Sei, em 1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha mulher Elza, para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci.
Em consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado Carlston, juntamente com outro americano.
Estes, depois de terem corrompido a direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da guarda, bem como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos serviços Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da prisão.
Contribui ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga pelos referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos Serviços Prisionais.
Estes agentes americanos obtêm depois um helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico cerca de 20 dias.
Vou depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí para o Brasil.
As despesas com a minha fuga da prisão custaram € 25.000 Euros, o que na época era uma quantia elevada.
Só mais tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá Carneiro ia no avião, contando-lhe a história toda.
José esteves, responde então, que nesse caso, tínhamos corrido um grande risco.
Eu tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado.
Dei-lhe apoio no Brasil no que pude.
Assegurei-lhe também o transporte para o Brasil, obtendo-lhe um passaporte no Governo Civil de Lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela embaixada dos EUA, em Lisboa, e arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro .
Na viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um amigo comum.
No Rio de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulote.
Como trabalhava ainda para a embaixada dos EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela Embaixada.
Ficou no Brasil cerca de dois anos.
Eu, contudo andava constantemente em viagem.
José Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde Francisco Pessoa o aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco de ir depor na Comissão de Inquerito Parlamentar sobre Camarate.
Esse telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção formal.
Telefono a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente.
Ele aceita, pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington.
Pergunto-lhe então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação, se corria perigo por causa de Camarate, e se continuarei, ou não a trabalhar para a CIA.
Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar para a CIA, tendo efectivamente continuado a ser pago pela CIA até 1989.
Frank Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de Penaguião na operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par dessa participação.
Em 1994, foi-me novamente montada uma armadilha em Portugal, por agentes da DEA que não gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por mim.
Nesta armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje Inspectores Tomé, Sintra e Teófilo Santiago.
Depois desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do Ministério Público, um deles, se não estou em erro, chamado Femando Ventura, enviados por Cunha Rodrigues, então Procurador Geral da República.
Estes procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou acusado, desde que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.
Por ser verdade. e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente Declaração, por livre vontade.
Não podendo já alterar a minha participação nesta operação, que na altura estava longe de poder imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares das vítimas e para o País, pude agora, ao menos, contar toda a verdade, para que fique para a História, e para que nomeadamente os portugueses possam dela ter pleno conhecimento.
Não quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões, que ao longo destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus monmentos, sempre esteve a meu lado, suportando de forma extraordinária, todas as dificuldades, ausências, e faltas de didicaçâo à familia que a minha profissão impliava.
Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este comportamento.
Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube aceitar as consequêncais que para si representavam a minha vida profissional, nunca tendo deixado de ser carinhosa comigo.
Finalmente quero agradecer à minha mãe que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou, apesar de nem sempre concordar com as minhas opções de vida.
A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria conseguido prosseguir, em muitos momentos da minha vida.
Posso assim afirmar que tive sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos bons e maus momentos da minha vida.
Lisboa, 26 de Março de 2012
Fernando Farinha Simões
B.I. n.º 7540306"
"Estou na prisão com o Victor Pereira, que aí também estava preso.
Sei, em 1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha mulher Elza, para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci.
Em consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado Carlston, juntamente com outro americano.
Estes, depois de terem corrompido a direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da guarda, bem como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos serviços Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da prisão.
Contribui ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga pelos referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos Serviços Prisionais.
Estes agentes americanos obtêm depois um helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico cerca de 20 dias.
Vou depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí para o Brasil.
As despesas com a minha fuga da prisão custaram € 25.000 Euros, o que na época era uma quantia elevada.
Só mais tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá Carneiro ia no avião, contando-lhe a história toda.
José esteves, responde então, que nesse caso, tínhamos corrido um grande risco.
Eu tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado.
Dei-lhe apoio no Brasil no que pude.
Assegurei-lhe também o transporte para o Brasil, obtendo-lhe um passaporte no Governo Civil de Lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela embaixada dos EUA, em Lisboa, e arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro .
Na viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um amigo comum.
No Rio de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulote.
Como trabalhava ainda para a embaixada dos EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela Embaixada.
Ficou no Brasil cerca de dois anos.
Eu, contudo andava constantemente em viagem.
José Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde Francisco Pessoa o aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco de ir depor na Comissão de Inquerito Parlamentar sobre Camarate.
Esse telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção formal.
Telefono a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente.
Ele aceita, pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington.
Pergunto-lhe então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação, se corria perigo por causa de Camarate, e se continuarei, ou não a trabalhar para a CIA.
Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar para a CIA, tendo efectivamente continuado a ser pago pela CIA até 1989.
Frank Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de Penaguião na operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par dessa participação.
Em 1994, foi-me novamente montada uma armadilha em Portugal, por agentes da DEA que não gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por mim.
Nesta armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje Inspectores Tomé, Sintra e Teófilo Santiago.
Depois desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do Ministério Público, um deles, se não estou em erro, chamado Femando Ventura, enviados por Cunha Rodrigues, então Procurador Geral da República.
Estes procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou acusado, desde que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.
Por ser verdade. e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente Declaração, por livre vontade.
Não podendo já alterar a minha participação nesta operação, que na altura estava longe de poder imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares das vítimas e para o País, pude agora, ao menos, contar toda a verdade, para que fique para a História, e para que nomeadamente os portugueses possam dela ter pleno conhecimento.
Não quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões, que ao longo destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus monmentos, sempre esteve a meu lado, suportando de forma extraordinária, todas as dificuldades, ausências, e faltas de didicaçâo à familia que a minha profissão impliava.
Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este comportamento.
Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube aceitar as consequêncais que para si representavam a minha vida profissional, nunca tendo deixado de ser carinhosa comigo.
Finalmente quero agradecer à minha mãe que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou, apesar de nem sempre concordar com as minhas opções de vida.
A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria conseguido prosseguir, em muitos momentos da minha vida.
Posso assim afirmar que tive sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos bons e maus momentos da minha vida.
Lisboa, 26 de Março de 2012
Fernando Farinha Simões
B.I. n.º 7540306"
ASSASSINATO DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO - CONFISSÃO DE FERNANDO FARINHA SIMÕES - Parte 7
Continuação...
"Nestes documentos era referido que, como consequência desta vendas de armas, gerava-se um fluxo considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e ilegais.
Estes documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países em guerra, ou ligados ao terrorismo internacional.
Era também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da autoridade da época, nomeadamente militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho (venda de armas a Moçambique).
Vi várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas para Angola utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro Castro, bastante ligado ao MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu tempo entre Angola, Portugal e Paris.
O seu filho, Bruno Castro é director adjunto do Banco BIC em Angola.
No referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste negócio de armas, nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho, o Varela Gomes e Carlos Fabião.
Todas estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo antes do 25 de Abril de 1974 e até 1980.
Era referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de armas, beneficiavam através de comissões que recebiam.
Estavam referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas para pagar comissões às pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por Oliver North ou por outros enviados da CIA.
Estas "off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas.
Esta referência batia certo com o que Oliver North sempre me contou, de que o negócio das armas se proporciona através de "off-shores" e bancos controlados para a lavagem de dinheiro.
Vale a pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das obras públicas aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a Carlyle, ou a Blackwater (empresa de armas, construção e mercenários), entre outras.
Esta relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos relatórios do Bribe Payer Index (indice internacional dos pagadores de subornos), que é uma agencia americana.
A indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency International e pelo Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do Comercio do Senado Americano, que referem que há muitos anos, mais de 50% do negócio e comercio de armas em Portugal, é feito através de subornos.
Os americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também funcionar a Base das Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes.
Este tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente através da FLAD, que foi usada pela CIA para este efeito.
A FLAD recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.
Não ví contudo neste Dossier observações referindo que estas vendas de armas eram condenáveis ou que tinham efeitos negativos.
Havia contudo uma pequena nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidade com tudo o que aí estava escrito, e que portanto se devia actuar.
Havia também na primeira página um carimbo que dizia "confidentical and restricted".
Estas vendas de armas continuaram contudo depois de 1980.
Tanto quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora com um abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escandalo das fardas vendidas à Polónia.
No referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas no negócio de armas, nomeadamente Bush (Pai), Dick Cheney, Frank Carlucci, Donald Gregg, vários militares, bem como a empresas como a Blackwater.
São ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black Eagle Enterprise, etc, que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto pela passagem de armas através de portos portugueses, como pelo fornecimento de armas a partir de empresas portuguesas.
Tirei apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder.
A empresa atrás referida, denominada "Supermarket", foi criada em Portugal em 1978, e operava através da Empresa-Mãe, de nome "Black-Eagle", dirigida por William Casey, membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and Relations), ex-embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA.
A empresa "Supermarket" organizava a compra de armas de fabrico soviético, através de Portugal, bem como a compra de armas e munições portuguesas, referidas anteriormente, com toda a cumplicidade de Oliver North.
Estas armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus destinos finais.
Oliver North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa chamada Gretsh World, que servia de fachada à "Supermarket".
Mais tarde, cerca de 1985, quando se começou a falar muito de Camarate, Oliver North cancelou a operação "Supermarket" e fechou todas as contas bancárias.
Devo ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA, em Lisboa, comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier.
Relativamente a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler.
Posteriormente comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida.
Tanto William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás referidos e outros, comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na operação de Camarate e neste negócio de armas.
Lembro-me nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da Cia, dizia frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate, the case in Portugal with the plane!".
As vendas de armas, a partir e através de portugal, foram realizadas ao longo desses anos, pois era do interesse politico dos EUA.
A CIA organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que sucedeu noutros países, pois era crucial para os EUA que certas armas chegassem aos países referidos, de forma não oficial, tendo para isso utilizados militares e empresários Portugueses, que acabaram também por beneficiar dessas vendas.
Como anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados com o presidente Manuel Noriega, no escandalo Irão - contras (Irangate).
Foi sempre Oliver North que se ocupou da questão dos reféns americanos no Irão, bem como da situação da America Central.
Recebeu pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice Presidente à época de Ronald Reagan.
Devo dizer a este respeiro que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a viver na Flórida, pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma organização republicana, situada em South Florida, destinada a angariar fundos para as campanhas eleitorais republicanas.
John Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra" da Nicarágua.
Conheci também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto Banus em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em 1979.
Era um dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos.
Na sua casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era feito através de África, para que no Iraque não se apercebessem da sua proveniência, pois também vendiam ao mesmo tempo ao Irão e mesmo a Portugal.
Este tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e no começo do caso Camarate.
Através de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de armas, numa festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi.
Kashogi, como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários europeus, árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas.
Sou preso em 1986, acusado de tráfico de drogas.
Esta prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização não gostavam de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi anteriormente.
Fui então levado para a prisão de Sintra."
Continua...
"Nestes documentos era referido que, como consequência desta vendas de armas, gerava-se um fluxo considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e ilegais.
Estes documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países em guerra, ou ligados ao terrorismo internacional.
Era também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da autoridade da época, nomeadamente militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho (venda de armas a Moçambique).
Vi várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas para Angola utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro Castro, bastante ligado ao MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu tempo entre Angola, Portugal e Paris.
O seu filho, Bruno Castro é director adjunto do Banco BIC em Angola.
No referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste negócio de armas, nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho, o Varela Gomes e Carlos Fabião.
Todas estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo antes do 25 de Abril de 1974 e até 1980.
Era referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de armas, beneficiavam através de comissões que recebiam.
Estavam referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas para pagar comissões às pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por Oliver North ou por outros enviados da CIA.
Estas "off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas.
Esta referência batia certo com o que Oliver North sempre me contou, de que o negócio das armas se proporciona através de "off-shores" e bancos controlados para a lavagem de dinheiro.
Vale a pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das obras públicas aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a Carlyle, ou a Blackwater (empresa de armas, construção e mercenários), entre outras.
Esta relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos relatórios do Bribe Payer Index (indice internacional dos pagadores de subornos), que é uma agencia americana.
A indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency International e pelo Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do Comercio do Senado Americano, que referem que há muitos anos, mais de 50% do negócio e comercio de armas em Portugal, é feito através de subornos.
Os americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também funcionar a Base das Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes.
Este tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente através da FLAD, que foi usada pela CIA para este efeito.
A FLAD recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.
Não ví contudo neste Dossier observações referindo que estas vendas de armas eram condenáveis ou que tinham efeitos negativos.
Havia contudo uma pequena nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidade com tudo o que aí estava escrito, e que portanto se devia actuar.
Havia também na primeira página um carimbo que dizia "confidentical and restricted".
Estas vendas de armas continuaram contudo depois de 1980.
Tanto quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora com um abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escandalo das fardas vendidas à Polónia.
No referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas no negócio de armas, nomeadamente Bush (Pai), Dick Cheney, Frank Carlucci, Donald Gregg, vários militares, bem como a empresas como a Blackwater.
São ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black Eagle Enterprise, etc, que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto pela passagem de armas através de portos portugueses, como pelo fornecimento de armas a partir de empresas portuguesas.
Tirei apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder.
A empresa atrás referida, denominada "Supermarket", foi criada em Portugal em 1978, e operava através da Empresa-Mãe, de nome "Black-Eagle", dirigida por William Casey, membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and Relations), ex-embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA.
A empresa "Supermarket" organizava a compra de armas de fabrico soviético, através de Portugal, bem como a compra de armas e munições portuguesas, referidas anteriormente, com toda a cumplicidade de Oliver North.
Estas armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus destinos finais.
Oliver North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa chamada Gretsh World, que servia de fachada à "Supermarket".
Mais tarde, cerca de 1985, quando se começou a falar muito de Camarate, Oliver North cancelou a operação "Supermarket" e fechou todas as contas bancárias.
Devo ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA, em Lisboa, comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier.
Relativamente a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler.
Posteriormente comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida.
Tanto William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás referidos e outros, comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na operação de Camarate e neste negócio de armas.
Lembro-me nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da Cia, dizia frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate, the case in Portugal with the plane!".
As vendas de armas, a partir e através de portugal, foram realizadas ao longo desses anos, pois era do interesse politico dos EUA.
A CIA organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que sucedeu noutros países, pois era crucial para os EUA que certas armas chegassem aos países referidos, de forma não oficial, tendo para isso utilizados militares e empresários Portugueses, que acabaram também por beneficiar dessas vendas.
Como anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados com o presidente Manuel Noriega, no escandalo Irão - contras (Irangate).
Foi sempre Oliver North que se ocupou da questão dos reféns americanos no Irão, bem como da situação da America Central.
Recebeu pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice Presidente à época de Ronald Reagan.
Devo dizer a este respeiro que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a viver na Flórida, pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma organização republicana, situada em South Florida, destinada a angariar fundos para as campanhas eleitorais republicanas.
John Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra" da Nicarágua.
Conheci também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto Banus em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em 1979.
Era um dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos.
Na sua casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era feito através de África, para que no Iraque não se apercebessem da sua proveniência, pois também vendiam ao mesmo tempo ao Irão e mesmo a Portugal.
Este tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e no começo do caso Camarate.
Através de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de armas, numa festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi.
Kashogi, como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários europeus, árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas.
Sou preso em 1986, acusado de tráfico de drogas.
Esta prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização não gostavam de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi anteriormente.
Fui então levado para a prisão de Sintra."
Continua...
sexta-feira, 4 de maio de 2012
ASSASSINATO DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO - CONFISSÃO DE FERNANDO FARINHA SIMÕES - Parte 6
Continuação...
"Telefona então para Lencastre Bernardo, que tinha grandes ligações à PJ e à PJ Militar, e uma Ligação ao General Eanes, Lencastre Bernardo tem também ligações a Canto e Castro, Pezarat Correia, Charais, ao empresário Zoio a José António Avelar que era ex-braço direito de Canto e Castro.
José Esteves telefona-lhe, e pede para se encontrar com ele.
Este aceita, pelo que, pelas 23 horas, José Esteves, eu, e a minha mulher Elza, dirigimo-nos para a Rua GomesFreire, na PJ, para falar com ele.
Esteves sobe para falar com Lencastre Bernardo que lhe tinha dito que não se preocupasse, pois nada lhe sucederia.
Passámos contudo por casa de José Esteves pois este temia que aí houvesse já um conjunto de polícias à sua procura, devido a considerarem que ele estava associado à queda do avião em camarate.
José Esteves ficou assim aliviado por verificar que não existia aparato policial à porta de sua casa.
A quem manifestei o meu desconhecimento e ter ficado chocado por ter sabido, depois de o avião ter caído, que acompanhantes e familiares do Primeiro Ministro e do Ministro da Defesa também tinham ido no Avião.
Frank Carlucci respondeu-me que compreendia a minha posição, mas que também ele desconhecia que iriam outras pessoas no avião, mas que agora já nada se podia fazer.
Em 1981, encontro-me com Victor Pereira, na altura agente da Polícia Judiciaria, no restaurante Galeto, em Lisboa.
Conto a Victor Pereira que alguns dos atentados estão atribuidos às Brigadas Revolucionárias, relacionados com a colocação de bombas, foram porém efectuadas pelo José Esteves, como foram os casos dos atentados à bomba na Embaixada de Angola, de Cuba (esta última com conhecimento de Ramiro Moreira), na casa de Torres Couto, na casa do prof. Diogo Freitas do Amaral, na casa do Eng. Lopes Cardoso, e na casa de Vasco Montez, a pedido deste, junto ao Jumbo em Cascais, para obter "sensacionalismo" á época, tendo José Esteves espalhado panfletos iguais aos da FP25.
Não falei então com Victor Pereira Com camarate.
Tomei conhecimento no entanto que Victor Pereira, no dia 4 de Dezembro de 1980, tendo ido nessa noite ao Aeroporto da Portela, como agente da PJ, encontrou a mala que era transportada pelo Eng. Adelino Amaro da Costa.
Nessa mala estavam documentos referentes ao tráfico de armas e de pessoas envolvidas com o Fundo de Defesa do Ultramar.
Salvo erro, Victor Pereira entregou essa mala ao inspector da PJ Pedro Amaral, que por sua vez a entregou na PJ.
Disse-me então Victor Pereira que essa mala, de maior importância no caso de Camarate, pelas informações que continha, e que podiam explicar os motivos e as pessoas por detrás deste atentado, nunca mais voltou a aparecer.
Esta informação foi-me transmitida por Victor Pereira, quando esteve preso comigo na prisão de Sintra, em 1986.
Não referi então a Victor Pereira que, como descrevo a seguir, eu tinha já tido contacto com essa mala, em finais de 1982, pelo facto de trabalhar com os serviços secretos na Embaixada dos EUA.
Também em 1981, uns meses depois do atentado, eu e o José Esteves fomos ter com o Major Lencastre Bernardo, na Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire.
Com efeito, tanto o José Esteves como eu, andávamos com medo do que nos podia suceder por cusa do nosso envolvimento no atentado de Camarate, e queriamos saber o que se passava com a nossa protecção por causa de Camarate.
Eu não participo na reunião, fico à porta.
Contudo José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que, numa anterior conversa com Francisco Pinto Balsemão, este lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer.
Disse-lhe também que ele próprio tinha tido conhecimento prévio do atentado de Camarate.
Disse-lhe ainda que podíamos estar sossegados quanto a Camarate, pois não ia haver problemas connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequências.
*** A este respeito gostaria de acrescentar que numa reunião que tive, a sós, em 1986, com Lencastre Bernardo, num restaurante ao pé do ediflcio da PJ na Rua Gomes Freire, ele garantiu-me que Pinto Balsemão estava a par do que se ia passar em 4 de Dezembro.***
No restaurante Fouchet's, em Paris, Kissinger tinha-me dito, “por alto”, que o futuro Primeiro Ministro de Portugal seria Pinto Balsemão.
É importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros destacados do grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões anuais desta organização.
Deste modo, aquando da conversa com Lencastre Bernardo, em 1986, relacionei o que ele me disse sobre Pinto Balsemão, com o que tinha ouvido em Paris, em l980.
Tive também esta informação, mais tarde, em 1993, numa conversa que tive com William Hasselberg, em Lisboa,quando este me confirmou de que Pinto Balsemão estava a par de tudo.
Em finais de 1982, pelas informações que vou obtendo na Embaixada dos EUA, em Lisboa, verifico que se fala de nomes concretos de personalidades americanas como tendo estado envolvidas em tráfico de armas que passava por Portugal.
Pergunto então a William Hasselberg como sabem destes nomes. Ao fim de muitas insistências minhas, William Hasselberg acaba por me dizer que a Pj entregou, na embaixada dos EUA, uma mala com os documentos transportados por Adelino Amaro da Costa, em 4 de Dezembro de 1980, e que ficou junto aos destroços do avião, embora não me tenha dito quem foi a pessoa da PJ que entregou esses documentos.
Peço então a William Hasselberg que me deixe consultar essa mala, uma vez que faço também parte da equipa da CIA em Portugal.
Ele aceita, e pude assim consultar os documentos aí existentes. que consistiam em cerca de 200 páginas.
Pude assim consultar este Dossier durante cerca de uma semana, tendo-o lido várias vezes, e resumido, à mão, as principais partes, uma vez que não tinha como fotografá-lo ou copiá-lo.
Vejo então, que apesar do desastre do avião, e da pasta de Avelino Amaro da Costa ter ficado queimada, e ter sido substituida por outra, os documentos estavam intactos.
Estes documentos continham uma lista de compra de armas, que incluia nomeadamente RPG-7, RPG-27, G3, lança granadas, dilagramas, munições, granadas, minas, rádios, explosivos de plástico, fardas, kalashiskovs AK-47 e obuses.
Referia-se também nesses documentos que para se iludir as pistas, as vendas ilegais de armas eram feitas através de empresas de fachada, com os caixotes a referir que a carga se tratava de equipamentos técnicos, e peças sobresselentes para maquinas agrículas e para a construção civil.
Esta forma de transportar armas foi-me confirmada várias vezes por Oliver North, no decorrer da década de 80, até 1988, e quando estive em Ilopango, em El Salvador, também na década de 80, verifiquei que era verdade.
Nestes documentos lembro-me de ver que algumas armas vinham da empresa portuguesa Braço de Prata, bem como referências de vendas de armas de Portugal e de paises de Leste, como a Polónia e a Bulgária, com destino para a Nicarágua, Irão, El Salvador, Colombia, Panamá, bem como para alguns países Africanos que estavam em guerra, como Angola, ANC da África do Sul, Nigéria, Mali, Zimbawe, Quénia, Somália, Líbia, etc.
Está também claramente referido nesses documentos que a venda de armas é feita atraves da empresa criada em Portugal chamada "Supermarket" (que operava através da empresa mãe "Black - Eagle").
Nos referidos documentos ví também que as vendas de armas eram legais através de empresas portuguesas, mas também havia vendas de armas ilegais feitas por empresas de fachada, com a lavagem de dinheiro em bancos suíços e "off-shores" em nome dos detentores das contas, tanto pessoas civis como militares.
As vendas ilegais de armas ocorriam por várias razões, nomeadamente:
*Em primeiro lugar muitos dos paises de destino, tinham oficialmente sanções e embargos de armas.
* Em segundo lugar os EUA não queriam oficialmente apoiar ou vender armas a certos países, nomeadamente aos contra da Nicarágua, ou ao Irão e ao Iraque, a quem vendiam armas ao mesmo tempo, e sem conhecimento de ambos.
* Em terceiro lugar a venda de armas ilegal é a mais rentável e foge aos impostos.
* Em quarto lugar a venda de armas ilegal permite o branqueamento de capitais, que depois podiam ser aproveitados para outros fins.
Entre os nomes que vi referidos nestes documentos figuravam:
- José Avelino Avelar
- Coronel Vinhas
- General Diogo Neto
- Major Canto e Castro
- Empresário Zoio
- General Pezarat Correia
- General Franco Charais
- General Costa Gomes
- Major Lencastre Bernardo
- Coronel Robocho Vaz
- Francisco Pinto Balsemão
Francisco Balsemão e Lencastre Bernardo eram referidos como elementos de ligação ao grupo Bildeberg e a Henry Kissinger, Francisco Balsemão pertence também à loja maçónica "Pilgrim", que é anglo-saxónica, e dependente do grupo Bildeberg.
Lencastre Bernardo tinha também assinalado a sua ligação a alguns serviços de inteligência, visto ele ser, nos anos 80, o coordenador na PJ e na Polícia Judiciária Militar.
Entre as empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre os anos 1974 e 1980, estavam referidas neste Dossier:
- Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e granadas)
- Cometna (engenhos explosivos e bombas)
- OGMA (Oficinas Gerais Militares de Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exercito)
- Browning Viana S.A.
- A. Paukner Lda, que existe desde 1966
- Explosivos da trafaria
- SPEL (Explosivos)
- INDEP (armamento ligeiro e monições)
- Montagrex Lda, que actuava desde 1977, com Canto e Castro e António José Avelar.
Só foi contudo oficialmente constituida em 1984, deixando, nessa altura, Canto e Castro de fora, para não o comprometer com a operação de Camarate.
A Montagrex Lda operava no Campo Pequeno, e era liderada por António Avelar que era o braço direito de Canto e Castro e também sócio dessa empresa.
O escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autentico “bunker", com portas blindadas, sensores, alarmes, códigos nas portas, etc.
Canto e Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada no Reino Unido.
Esta empresa vende sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições, armas submarinas, minas e sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para barcos.
Todos estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de brokers - intermediarios, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica, etc."
Continua...
"Telefona então para Lencastre Bernardo, que tinha grandes ligações à PJ e à PJ Militar, e uma Ligação ao General Eanes, Lencastre Bernardo tem também ligações a Canto e Castro, Pezarat Correia, Charais, ao empresário Zoio a José António Avelar que era ex-braço direito de Canto e Castro.
José Esteves telefona-lhe, e pede para se encontrar com ele.
Este aceita, pelo que, pelas 23 horas, José Esteves, eu, e a minha mulher Elza, dirigimo-nos para a Rua GomesFreire, na PJ, para falar com ele.
Esteves sobe para falar com Lencastre Bernardo que lhe tinha dito que não se preocupasse, pois nada lhe sucederia.
Passámos contudo por casa de José Esteves pois este temia que aí houvesse já um conjunto de polícias à sua procura, devido a considerarem que ele estava associado à queda do avião em camarate.
José Esteves ficou assim aliviado por verificar que não existia aparato policial à porta de sua casa.
A quem manifestei o meu desconhecimento e ter ficado chocado por ter sabido, depois de o avião ter caído, que acompanhantes e familiares do Primeiro Ministro e do Ministro da Defesa também tinham ido no Avião.
Frank Carlucci respondeu-me que compreendia a minha posição, mas que também ele desconhecia que iriam outras pessoas no avião, mas que agora já nada se podia fazer.
Em 1981, encontro-me com Victor Pereira, na altura agente da Polícia Judiciaria, no restaurante Galeto, em Lisboa.
Conto a Victor Pereira que alguns dos atentados estão atribuidos às Brigadas Revolucionárias, relacionados com a colocação de bombas, foram porém efectuadas pelo José Esteves, como foram os casos dos atentados à bomba na Embaixada de Angola, de Cuba (esta última com conhecimento de Ramiro Moreira), na casa de Torres Couto, na casa do prof. Diogo Freitas do Amaral, na casa do Eng. Lopes Cardoso, e na casa de Vasco Montez, a pedido deste, junto ao Jumbo em Cascais, para obter "sensacionalismo" á época, tendo José Esteves espalhado panfletos iguais aos da FP25.
Não falei então com Victor Pereira Com camarate.
Tomei conhecimento no entanto que Victor Pereira, no dia 4 de Dezembro de 1980, tendo ido nessa noite ao Aeroporto da Portela, como agente da PJ, encontrou a mala que era transportada pelo Eng. Adelino Amaro da Costa.
Nessa mala estavam documentos referentes ao tráfico de armas e de pessoas envolvidas com o Fundo de Defesa do Ultramar.
Salvo erro, Victor Pereira entregou essa mala ao inspector da PJ Pedro Amaral, que por sua vez a entregou na PJ.
Disse-me então Victor Pereira que essa mala, de maior importância no caso de Camarate, pelas informações que continha, e que podiam explicar os motivos e as pessoas por detrás deste atentado, nunca mais voltou a aparecer.
Esta informação foi-me transmitida por Victor Pereira, quando esteve preso comigo na prisão de Sintra, em 1986.
Não referi então a Victor Pereira que, como descrevo a seguir, eu tinha já tido contacto com essa mala, em finais de 1982, pelo facto de trabalhar com os serviços secretos na Embaixada dos EUA.
Também em 1981, uns meses depois do atentado, eu e o José Esteves fomos ter com o Major Lencastre Bernardo, na Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire.
Com efeito, tanto o José Esteves como eu, andávamos com medo do que nos podia suceder por cusa do nosso envolvimento no atentado de Camarate, e queriamos saber o que se passava com a nossa protecção por causa de Camarate.
Eu não participo na reunião, fico à porta.
Contudo José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que, numa anterior conversa com Francisco Pinto Balsemão, este lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer.
Disse-lhe também que ele próprio tinha tido conhecimento prévio do atentado de Camarate.
Disse-lhe ainda que podíamos estar sossegados quanto a Camarate, pois não ia haver problemas connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequências.
*** A este respeito gostaria de acrescentar que numa reunião que tive, a sós, em 1986, com Lencastre Bernardo, num restaurante ao pé do ediflcio da PJ na Rua Gomes Freire, ele garantiu-me que Pinto Balsemão estava a par do que se ia passar em 4 de Dezembro.***
No restaurante Fouchet's, em Paris, Kissinger tinha-me dito, “por alto”, que o futuro Primeiro Ministro de Portugal seria Pinto Balsemão.
É importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros destacados do grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões anuais desta organização.
Deste modo, aquando da conversa com Lencastre Bernardo, em 1986, relacionei o que ele me disse sobre Pinto Balsemão, com o que tinha ouvido em Paris, em l980.
Tive também esta informação, mais tarde, em 1993, numa conversa que tive com William Hasselberg, em Lisboa,quando este me confirmou de que Pinto Balsemão estava a par de tudo.
Em finais de 1982, pelas informações que vou obtendo na Embaixada dos EUA, em Lisboa, verifico que se fala de nomes concretos de personalidades americanas como tendo estado envolvidas em tráfico de armas que passava por Portugal.
Pergunto então a William Hasselberg como sabem destes nomes. Ao fim de muitas insistências minhas, William Hasselberg acaba por me dizer que a Pj entregou, na embaixada dos EUA, uma mala com os documentos transportados por Adelino Amaro da Costa, em 4 de Dezembro de 1980, e que ficou junto aos destroços do avião, embora não me tenha dito quem foi a pessoa da PJ que entregou esses documentos.
Peço então a William Hasselberg que me deixe consultar essa mala, uma vez que faço também parte da equipa da CIA em Portugal.
Ele aceita, e pude assim consultar os documentos aí existentes. que consistiam em cerca de 200 páginas.
Pude assim consultar este Dossier durante cerca de uma semana, tendo-o lido várias vezes, e resumido, à mão, as principais partes, uma vez que não tinha como fotografá-lo ou copiá-lo.
Vejo então, que apesar do desastre do avião, e da pasta de Avelino Amaro da Costa ter ficado queimada, e ter sido substituida por outra, os documentos estavam intactos.
Estes documentos continham uma lista de compra de armas, que incluia nomeadamente RPG-7, RPG-27, G3, lança granadas, dilagramas, munições, granadas, minas, rádios, explosivos de plástico, fardas, kalashiskovs AK-47 e obuses.
Referia-se também nesses documentos que para se iludir as pistas, as vendas ilegais de armas eram feitas através de empresas de fachada, com os caixotes a referir que a carga se tratava de equipamentos técnicos, e peças sobresselentes para maquinas agrículas e para a construção civil.
Esta forma de transportar armas foi-me confirmada várias vezes por Oliver North, no decorrer da década de 80, até 1988, e quando estive em Ilopango, em El Salvador, também na década de 80, verifiquei que era verdade.
Nestes documentos lembro-me de ver que algumas armas vinham da empresa portuguesa Braço de Prata, bem como referências de vendas de armas de Portugal e de paises de Leste, como a Polónia e a Bulgária, com destino para a Nicarágua, Irão, El Salvador, Colombia, Panamá, bem como para alguns países Africanos que estavam em guerra, como Angola, ANC da África do Sul, Nigéria, Mali, Zimbawe, Quénia, Somália, Líbia, etc.
Está também claramente referido nesses documentos que a venda de armas é feita atraves da empresa criada em Portugal chamada "Supermarket" (que operava através da empresa mãe "Black - Eagle").
Nos referidos documentos ví também que as vendas de armas eram legais através de empresas portuguesas, mas também havia vendas de armas ilegais feitas por empresas de fachada, com a lavagem de dinheiro em bancos suíços e "off-shores" em nome dos detentores das contas, tanto pessoas civis como militares.
As vendas ilegais de armas ocorriam por várias razões, nomeadamente:
*Em primeiro lugar muitos dos paises de destino, tinham oficialmente sanções e embargos de armas.
* Em segundo lugar os EUA não queriam oficialmente apoiar ou vender armas a certos países, nomeadamente aos contra da Nicarágua, ou ao Irão e ao Iraque, a quem vendiam armas ao mesmo tempo, e sem conhecimento de ambos.
* Em terceiro lugar a venda de armas ilegal é a mais rentável e foge aos impostos.
* Em quarto lugar a venda de armas ilegal permite o branqueamento de capitais, que depois podiam ser aproveitados para outros fins.
Entre os nomes que vi referidos nestes documentos figuravam:
- José Avelino Avelar
- Coronel Vinhas
- General Diogo Neto
- Major Canto e Castro
- Empresário Zoio
- General Pezarat Correia
- General Franco Charais
- General Costa Gomes
- Major Lencastre Bernardo
- Coronel Robocho Vaz
- Francisco Pinto Balsemão
Francisco Balsemão e Lencastre Bernardo eram referidos como elementos de ligação ao grupo Bildeberg e a Henry Kissinger, Francisco Balsemão pertence também à loja maçónica "Pilgrim", que é anglo-saxónica, e dependente do grupo Bildeberg.
Lencastre Bernardo tinha também assinalado a sua ligação a alguns serviços de inteligência, visto ele ser, nos anos 80, o coordenador na PJ e na Polícia Judiciária Militar.
Entre as empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre os anos 1974 e 1980, estavam referidas neste Dossier:
- Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e granadas)
- Cometna (engenhos explosivos e bombas)
- OGMA (Oficinas Gerais Militares de Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exercito)
- Browning Viana S.A.
- A. Paukner Lda, que existe desde 1966
- Explosivos da trafaria
- SPEL (Explosivos)
- INDEP (armamento ligeiro e monições)
- Montagrex Lda, que actuava desde 1977, com Canto e Castro e António José Avelar.
Só foi contudo oficialmente constituida em 1984, deixando, nessa altura, Canto e Castro de fora, para não o comprometer com a operação de Camarate.
A Montagrex Lda operava no Campo Pequeno, e era liderada por António Avelar que era o braço direito de Canto e Castro e também sócio dessa empresa.
O escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autentico “bunker", com portas blindadas, sensores, alarmes, códigos nas portas, etc.
Canto e Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada no Reino Unido.
Esta empresa vende sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições, armas submarinas, minas e sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para barcos.
Todos estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de brokers - intermediarios, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica, etc."
Continua...
ASSASSINATO DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO - CONFISSÃO DE FERNANDO FARINHA SIMÕES - Parte 5
Continuação...
"Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado.
É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton.
Nesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver North , chamado Penaguião.
Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro.
Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que conseguirá meter Sá Carneiro no Avião.
Penaguião afirma, de forma fria e directa que Sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma matavam dois coelhos de uma cajadada!"
Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do tráfico de armas, e na descoberta do chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado para incluir as duas pessoas.
Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
Fico muito nervoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado.
Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua palavra era sempre escutada.
No final do jantar, juntam-se a nós três o Gen. Diogo Neto e o Cor. Vinhas.
Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi.
Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito tempo.
Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser, teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA.
Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros lideres do PSD e do PS.
Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo.
Isto e a usual “realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será.
Três dias antes do atentado há uma nova reunião, na Rua das Pretas no Palácio Roquete, onde participam Canto e Castro, Farinha Simões, Lee Rodrigues, José Esteves e Carlos Miranda
Carlos Miranda colaborou na montagem do engenho explosivo com José Esteves, tendo ido várias vezes a casa de José Esteves.
Nessa reunião são acertados os últimos pormenores do atentado.
Nessa reunião, Lee Rodrigues diz que ele está preparado para a operação e Canto e Castro diz que o atentado será a 3 ou 4 de Dezembro.
Nessa reunião é dito que o alvo é Adelino Amaro da Costa.
No dia seguinte encontramo-nos com Canto e Castro no Hotel Sheraton, e vamos jantar ao restaurante " O Polícia".
No dia 4 de Dezembro, telefono de um telefone no Areeiro, para o Sr. William Hasselberg, na Embaixada dos EUA, para confirmar que o atentado é para realizar, tendo-me este referido que sim.
Desse modo, à tarde, José Esteves traz uma mala a minha casa, e vamos os dois para o aeroporto.
Conduzo José Esteves ao aeroporto, num BMW do José Esteves.
Já no aeroporto, José Esteves e eu entramos no aeroporto, por uma porta lateral, junto a um posto da Guarda Fiscal, utilizando o cartão forjado, anteriormente referido.
Depois José Esteves desloca-se e entrega a mala, com o engenho, a Lee Rodrigues, que aparece com uma farda de piloto e é também visto por mim.
Depois de cerca de 15 minutos, sai já sem a mala, e sai comigo do aeroporto.
Separamo-nos, mas mais tarde José esteves encontra-se novamente comigo no cabeleireiro Bacta, no centro comercial Alvalade.
Depois José esteves aparece em minha casa com a companheira da época, de nome Gina, e com um saco de roupa para lá ficar por precaução.
Ouvimos depois o noticiário das 20 horas na televisão, e José Esteves fica muito surpreendido, pois não sabia que Sá Carneiro também ia no avião."
Continua...
"Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado.
É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton.
Nesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver North , chamado Penaguião.
Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro.
Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que conseguirá meter Sá Carneiro no Avião.
Penaguião afirma, de forma fria e directa que Sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma matavam dois coelhos de uma cajadada!"
Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do tráfico de armas, e na descoberta do chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado para incluir as duas pessoas.
Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
Fico muito nervoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado.
Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua palavra era sempre escutada.
No final do jantar, juntam-se a nós três o Gen. Diogo Neto e o Cor. Vinhas.
Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi.
Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito tempo.
Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser, teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA.
Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros lideres do PSD e do PS.
Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo.
Isto e a usual “realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será.
Três dias antes do atentado há uma nova reunião, na Rua das Pretas no Palácio Roquete, onde participam Canto e Castro, Farinha Simões, Lee Rodrigues, José Esteves e Carlos Miranda
Carlos Miranda colaborou na montagem do engenho explosivo com José Esteves, tendo ido várias vezes a casa de José Esteves.
Nessa reunião são acertados os últimos pormenores do atentado.
Nessa reunião, Lee Rodrigues diz que ele está preparado para a operação e Canto e Castro diz que o atentado será a 3 ou 4 de Dezembro.
Nessa reunião é dito que o alvo é Adelino Amaro da Costa.
No dia seguinte encontramo-nos com Canto e Castro no Hotel Sheraton, e vamos jantar ao restaurante " O Polícia".
No dia 4 de Dezembro, telefono de um telefone no Areeiro, para o Sr. William Hasselberg, na Embaixada dos EUA, para confirmar que o atentado é para realizar, tendo-me este referido que sim.
Desse modo, à tarde, José Esteves traz uma mala a minha casa, e vamos os dois para o aeroporto.
Conduzo José Esteves ao aeroporto, num BMW do José Esteves.
Já no aeroporto, José Esteves e eu entramos no aeroporto, por uma porta lateral, junto a um posto da Guarda Fiscal, utilizando o cartão forjado, anteriormente referido.
Depois José Esteves desloca-se e entrega a mala, com o engenho, a Lee Rodrigues, que aparece com uma farda de piloto e é também visto por mim.
Depois de cerca de 15 minutos, sai já sem a mala, e sai comigo do aeroporto.
Separamo-nos, mas mais tarde José esteves encontra-se novamente comigo no cabeleireiro Bacta, no centro comercial Alvalade.
Depois José esteves aparece em minha casa com a companheira da época, de nome Gina, e com um saco de roupa para lá ficar por precaução.
Ouvimos depois o noticiário das 20 horas na televisão, e José Esteves fica muito surpreendido, pois não sabia que Sá Carneiro também ia no avião."
Continua...
quinta-feira, 3 de maio de 2012
ASSASSINATO DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO - CONFISSÃO DE FERNANDO FARINHA SIMÕES - Parte 4
Continuação...
"Passados alguns dias, recebo um telefonema do Major Canto e Castro (pertencente ao conselho da revolução), que eu já conhecia de Angola, pedindo para eu me encontrar com ele no Hotel Altis.
Nessa reunião está também Frank Sturgies, e fala-se pela primeira vez em "atentado", sem se referirem ainda quem é o alvo.
Referem que contam comigo para esta operação.
O Major Canto e Castro diz que é preciso recrutar alguém capaz de realizar esta operação.
Tenho depois uma segunda reunião no Hotel Altis com Frank Sturgies e Philip Snell, onde Frank Sturgies me encarrega de preparar e arranjar alguns operacionais para uma possível operação dentro de pouco tempo, possívelmente dentro de 2 ou 3 meses.
Perguntam-me se já recrutei a pessoa certa para realizar este atentado, e se eu conheço algum perito na fabricação de bombas e em armas de fogo.
Respondo que em Espanha arranjaria alguém da ETA para vir cá fazer o atentado, se tal fosse necessário.
Quem paga a operação e a preparação do atentado é a CIA e o Major Canto e Castro.
Canto e Castro colabora na altura com os serviços Secretos Franceses, para onde entrou através do sogro na época.
O sogro era de nacionalidade Belga, que trabalhava para a SDEC, os serviços de inteligência franceses, em 1979 e 1980.
Canto e Castro casou com uma das suas filhas, quando estava em Luanda, em Angola, ao serviço da Força Aérea Portuguesa.
Em Luanda, Canto e Castro vivia perto de mim.
Tendo que organizar esta operação, falo então com José Esteves e mais tarde com Lee Rodrigues (que na altura ainda não conhecia).
O elo de ligação de Lee Rodrigues em Lisboa era Evo Fernandes, que estava ligado à resistância moçambicana, a Renamo.
Falo nessa altura também com duas pessoas ligadas à ETA militar, para caso do atentado ser realizado através de armas de fogo.
Depois, noutro jantar em casa de Frank Carlucci, na Lapa, na mansarda, no último andar, onde jantamos os dois sozinhos, Frank Carlucci diz abertamente e pela primeira vez, o que eu tinha de fazer, qual era a operação em curso e que esta visava Adelino Amaro da Costa, que estava a dificultar o transporte e venda de armas a partir de Portugal ou que passavam em Portugal, e que havia luz verde dada por Henry Kissinger e Oliver North.
Cumprimento ambos, referindo que sou "o homem deles em Lisboa".
Três semanas antes dos atentado, Canto e Castro e Frank Sturgies, referem pela primeira vez, que o alvo do atentado é Adelino Amaro da Costa.
O Major Canto e Castro afirma que irá viajar para Londres.
Frank Sturgies pede-me que obtenha um cartão de acesso ao aeroporto para um tal Lee Rodrigues, que é referido como sendo a pessoa que levará e colocará a bomba no avião.
Recebo depois um telefonema de Canto e Castro, referindo que está em Londres e para eu ir ter lá com ele.
Refere-me que o meu bilhete está numa agência de viagens situada na Av. da Republica , junto à pastelaria Ceuta.
Chegado a Londres fico no Hotel Grosvenor, ao pé de Victoria Station.
Canto e Castro vai buscar-me e leva-me a uma casa perto do Hotel, onde me mostra pela primeira vez, o material, incluindo explosivos, que servirão para confeccionar a "bomba" nesta operação.
Essa casa em Londres, era ao mesmo tempo residência e consultório de um dentista indiano, amigo de Canto e Castro, Canto e Castro refere-me que esse material será levado para Portugal pela sua companheira Juanita Valderrama.
O Major Canto e Castro pede-me então que vá ao Hotel Altis recolher o material.
Vou então ao Hotel acompanhado de José esteves, e recebemos uma mala e uma carta da senhora Juanita, José Esteves prepara então uma bomba destinada a um avião, com esses materiais, com a ajuda de Carlos Miranda.
O Major Canto e Castro volta depois de Londres, encontra-se comigo, e digo-lhe que a bomba está montada.
Lee Rodrigues é-me apresentado pelo Major Canto e Castro.
Alguns dias depois Lee Rodrigues telefona-me e encontramo-nos para jantar no restaurante Galeto, junto ao Saldanha, juntamente com Canto e Castro, onde aparece também Evo Fernandes, que era o contacto de Lee Rodrigues em Lisboa.
Fora Evo Fernandes que apresentara Lee Rodrigues a Canto e Castro.
Lee Rodrigues era moçambicano e tinha ligações à Renamo.
Nesse jantar alinham-se pormenores sobre o atentado.
Canto e Castro refere contudo nesse jantar que o atentado será realizado em Angola.
Perante esta afirmação, pergunto se ele está a falar a sério ou a brincar, e se me acha com “cara de palhaço"- fazendo intenção de me levantar.
Refiro que, através de Frank Carlucci, já estava a par de tudo.
Lee Rodrigues pede calma, referindo depois Canto e Castro que desconhecia que eu já estava a par de tudo, mas que sendo assim nada mais havia a esconder.
Possivelmente em Novembro, é-me solicitado por Philip Snell que participe numa reunião em Cascais, num iate junto á antiga marina (na altura não existia a actual marina).
Vou e levo comigo José Esteves.
Essa reunião tem lugar entre as 20 e as 23 horas, nela participando Philips Snell, Oliver North, Frank Sturgies, Sydral e Lee Rodrigues e mais cerca de 2 ou 3 estrangeiros, que julgo serem americanos.
Nesta reunião é referido que há que preparar com cuidado a operação que será para breve, e falam-se de pormenores a ter em atenção.
É referido também os cuidados que devem ser realizados depois da operação, e o que fazer se algo correr mal.
A língua utilizada na reunião é o inglês.
José Esteves recebeu então USD 200.000 pelo seu futuro trabalho.
Eu não recebi nada pois já era pago normalmente pela CIA.
Eu nessa altura recebia da CIA o equivalente a cinco mil US Dólares, dispondo também de dois cartões de crédito Diner's Club e Visa Gold, ambos com plafonds de 10.000 US Dólares.
ee Rodrigues pede-me então que arranje um cartão para José Esteves entrar no aeroporto.
Para este efeito, obtenho um cartão forjado, na Mouraria, em Lisboa, numa tipografia que hoje já não existe.
Lee Rodrigues diz-me também que irá obter uma farda de piloto numa loja ao pé do Coliseu, na Rua das Portas de Santo Antão.
A meu pedido, João Pedro Dias, que era carteirista, arranja também um cartão para Lee Rodrigues.
Este cartão foi obtido por João Pedro Dias, roubando o cartão de Miguel Wahnon, que era funcionário da TAP.
Apenas foi necessário mudar-se a fotografia desse cartão, colocando a fotografia de Lee Rodrigues.
José Esteves prepara então na sua casa no Cacém, um engenho para o atentado.
Conta com a colaboração de outro operacional chamado Carlos Miranda, especialista em explosivos, que é recrutado por mim, e que eu já conhecia de Angola, quando Carlos Miranda era comandante da FNLA e depois CODECO em Portugal.
José Esteves foi também um dos principais comandantes da FNLA, indo muitas vezes a Kinshasa.
Depois do artefacto estar pronto, vou novamente a Paris.
No Hotel Ritz, à tarde, tenho um encontro com Oliver North, o cor. Wilkison e Philip Snell, onde se refere que o alvo a abater era Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa."
Continua...
"Passados alguns dias, recebo um telefonema do Major Canto e Castro (pertencente ao conselho da revolução), que eu já conhecia de Angola, pedindo para eu me encontrar com ele no Hotel Altis.
Nessa reunião está também Frank Sturgies, e fala-se pela primeira vez em "atentado", sem se referirem ainda quem é o alvo.
Referem que contam comigo para esta operação.
O Major Canto e Castro diz que é preciso recrutar alguém capaz de realizar esta operação.
Tenho depois uma segunda reunião no Hotel Altis com Frank Sturgies e Philip Snell, onde Frank Sturgies me encarrega de preparar e arranjar alguns operacionais para uma possível operação dentro de pouco tempo, possívelmente dentro de 2 ou 3 meses.
Perguntam-me se já recrutei a pessoa certa para realizar este atentado, e se eu conheço algum perito na fabricação de bombas e em armas de fogo.
Respondo que em Espanha arranjaria alguém da ETA para vir cá fazer o atentado, se tal fosse necessário.
Quem paga a operação e a preparação do atentado é a CIA e o Major Canto e Castro.
Canto e Castro colabora na altura com os serviços Secretos Franceses, para onde entrou através do sogro na época.
O sogro era de nacionalidade Belga, que trabalhava para a SDEC, os serviços de inteligência franceses, em 1979 e 1980.
Canto e Castro casou com uma das suas filhas, quando estava em Luanda, em Angola, ao serviço da Força Aérea Portuguesa.
Em Luanda, Canto e Castro vivia perto de mim.
Tendo que organizar esta operação, falo então com José Esteves e mais tarde com Lee Rodrigues (que na altura ainda não conhecia).
O elo de ligação de Lee Rodrigues em Lisboa era Evo Fernandes, que estava ligado à resistância moçambicana, a Renamo.
Falo nessa altura também com duas pessoas ligadas à ETA militar, para caso do atentado ser realizado através de armas de fogo.
Depois, noutro jantar em casa de Frank Carlucci, na Lapa, na mansarda, no último andar, onde jantamos os dois sozinhos, Frank Carlucci diz abertamente e pela primeira vez, o que eu tinha de fazer, qual era a operação em curso e que esta visava Adelino Amaro da Costa, que estava a dificultar o transporte e venda de armas a partir de Portugal ou que passavam em Portugal, e que havia luz verde dada por Henry Kissinger e Oliver North.
Cumprimento ambos, referindo que sou "o homem deles em Lisboa".
Três semanas antes dos atentado, Canto e Castro e Frank Sturgies, referem pela primeira vez, que o alvo do atentado é Adelino Amaro da Costa.
O Major Canto e Castro afirma que irá viajar para Londres.
Frank Sturgies pede-me que obtenha um cartão de acesso ao aeroporto para um tal Lee Rodrigues, que é referido como sendo a pessoa que levará e colocará a bomba no avião.
Recebo depois um telefonema de Canto e Castro, referindo que está em Londres e para eu ir ter lá com ele.
Refere-me que o meu bilhete está numa agência de viagens situada na Av. da Republica , junto à pastelaria Ceuta.
Chegado a Londres fico no Hotel Grosvenor, ao pé de Victoria Station.
Canto e Castro vai buscar-me e leva-me a uma casa perto do Hotel, onde me mostra pela primeira vez, o material, incluindo explosivos, que servirão para confeccionar a "bomba" nesta operação.
Essa casa em Londres, era ao mesmo tempo residência e consultório de um dentista indiano, amigo de Canto e Castro, Canto e Castro refere-me que esse material será levado para Portugal pela sua companheira Juanita Valderrama.
O Major Canto e Castro pede-me então que vá ao Hotel Altis recolher o material.
Vou então ao Hotel acompanhado de José esteves, e recebemos uma mala e uma carta da senhora Juanita, José Esteves prepara então uma bomba destinada a um avião, com esses materiais, com a ajuda de Carlos Miranda.
O Major Canto e Castro volta depois de Londres, encontra-se comigo, e digo-lhe que a bomba está montada.
Lee Rodrigues é-me apresentado pelo Major Canto e Castro.
Alguns dias depois Lee Rodrigues telefona-me e encontramo-nos para jantar no restaurante Galeto, junto ao Saldanha, juntamente com Canto e Castro, onde aparece também Evo Fernandes, que era o contacto de Lee Rodrigues em Lisboa.
Fora Evo Fernandes que apresentara Lee Rodrigues a Canto e Castro.
Lee Rodrigues era moçambicano e tinha ligações à Renamo.
Nesse jantar alinham-se pormenores sobre o atentado.
Canto e Castro refere contudo nesse jantar que o atentado será realizado em Angola.
Perante esta afirmação, pergunto se ele está a falar a sério ou a brincar, e se me acha com “cara de palhaço"- fazendo intenção de me levantar.
Refiro que, através de Frank Carlucci, já estava a par de tudo.
Lee Rodrigues pede calma, referindo depois Canto e Castro que desconhecia que eu já estava a par de tudo, mas que sendo assim nada mais havia a esconder.
Possivelmente em Novembro, é-me solicitado por Philip Snell que participe numa reunião em Cascais, num iate junto á antiga marina (na altura não existia a actual marina).
Vou e levo comigo José Esteves.
Essa reunião tem lugar entre as 20 e as 23 horas, nela participando Philips Snell, Oliver North, Frank Sturgies, Sydral e Lee Rodrigues e mais cerca de 2 ou 3 estrangeiros, que julgo serem americanos.
Nesta reunião é referido que há que preparar com cuidado a operação que será para breve, e falam-se de pormenores a ter em atenção.
É referido também os cuidados que devem ser realizados depois da operação, e o que fazer se algo correr mal.
A língua utilizada na reunião é o inglês.
José Esteves recebeu então USD 200.000 pelo seu futuro trabalho.
Eu não recebi nada pois já era pago normalmente pela CIA.
Eu nessa altura recebia da CIA o equivalente a cinco mil US Dólares, dispondo também de dois cartões de crédito Diner's Club e Visa Gold, ambos com plafonds de 10.000 US Dólares.
ee Rodrigues pede-me então que arranje um cartão para José Esteves entrar no aeroporto.
Para este efeito, obtenho um cartão forjado, na Mouraria, em Lisboa, numa tipografia que hoje já não existe.
Lee Rodrigues diz-me também que irá obter uma farda de piloto numa loja ao pé do Coliseu, na Rua das Portas de Santo Antão.
A meu pedido, João Pedro Dias, que era carteirista, arranja também um cartão para Lee Rodrigues.
Este cartão foi obtido por João Pedro Dias, roubando o cartão de Miguel Wahnon, que era funcionário da TAP.
Apenas foi necessário mudar-se a fotografia desse cartão, colocando a fotografia de Lee Rodrigues.
José Esteves prepara então na sua casa no Cacém, um engenho para o atentado.
Conta com a colaboração de outro operacional chamado Carlos Miranda, especialista em explosivos, que é recrutado por mim, e que eu já conhecia de Angola, quando Carlos Miranda era comandante da FNLA e depois CODECO em Portugal.
José Esteves foi também um dos principais comandantes da FNLA, indo muitas vezes a Kinshasa.
Depois do artefacto estar pronto, vou novamente a Paris.
No Hotel Ritz, à tarde, tenho um encontro com Oliver North, o cor. Wilkison e Philip Snell, onde se refere que o alvo a abater era Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa."
Continua...
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