terça-feira, 1 de maio de 2012

Pingo Doce e a promoção de 50%

A comunicação social e as redes social fizeram eco da enorme afluência aos super e hiper Pingo Doce. A consequência foi potenciar o efeito e o que era uma enorme afluência transformou-se numa situação caótica. Filas intermináveis, conflitualidade entre clientes e/ou funcionários, prateleiras vazias e produtos abandonados, foram aspectos comuns em muitas lojas. Os sindicatos queixaram-se do desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, o pequeno comércio queixa-se de deslealdade, os concorrentes ficaram às moscas e os clientes que conseguiram os produtos pretendidos a metado do preço aplaudem. Quem ganhou e quem perdeu? São contas difíceis de fazer e depende da racionalidade de cada agente económico. Alguns consumidores terão tido vantagem, especialmente se adquiriram os bens que precisavam para consumo de muito curto prazo. Mas admito que muitos outros terão adquirido muito mais do que necessitavam até para atingir o valor mínimo da compra para usufruirem do desconto, transferindo para as suas casas os stocks que de outra forma permaneceriam nos supermercados e por isso, o efeito financeiro pode até ter sido negativo para alguns que compraram o que não precisavam, só porque era barato. Para as outras superfícies comerciais foi claramente um dia mau, com poucos clientes e poucas vendas e principalmente o grupo Sonae, seguramente vai ter que reagir. Para o Estado, como o Iva é facturado no início de Maio, não vai ter repercussão nem na antecipação de receita nem no valor das vendas que se diluirá no resto do mês. É provável que tenha trabalho adicional na fiscalização pois não deverão faltar quixas de diferentes proveniências. Não me surpreenderia que alguns produtores participem nos descontos praticados, via rappel ou outro tipo de acordo comercial pelo que para eles a promoção será neutra ou negativa. A Jerónimo Martins terá sido sem dúvida a grande ganhadora e a escolha do dia da promoção, foi de mestre. Conhecendo minimamente o funcionamento do grupo, estou certo que terá sido tudo meticulosamente planeado, incluindo o nível dos stocks a disponibilizar (para não incorrer em perdas) e para esgotar todos os produtos próximo das datas de validade. O efeito de arrastamento em produtos de baixa rotação foi enorme, a avaliar pelas prateleiras despidas. A logílstica oleada, certamente reporá novos stocks e amanhã não restarão vestígios da barafunda de hoje. O valor médio por operação aumentou de forma incrível, pois o mínimo para ter o desconto era de 100€. A maximização da rentabilidade financeira e fiscal, foi assegurada pelo facto da promoção ser feita no primeiro dia do mês. Coloca os concorrentes sob pressão, com a vantagem de terem anunciado já outras operações promocionais e terem sido eles os pioneiros. Mas o mais importante de tudo para o grupo Jerónimo Martins detentora da cadeia Pingo Doce, foi a notoriedade alcançada com a publicidade gratuita. Não precisou de pagar publicidade na televisão, rádio ou internet, para que todos noticiassem com grande relevo, o impacto da promoção do Pingo Doce.

2 comentários:

  1. Que teve publicidade de borla, teve.

    Agora se foi bom marketing... não sei, até coloco a hipótese de sido um tiro no próprio pé;

    Horas de fila para pagar na caixa/insuficientes operadores de caixa/fecho de portas abrupto(provavelmente ilegal)/intervenção policial/venda abaixo do preço de custo (ilegal), and so on, como vi nas T.V.
    ...
    Como alguém irónicamente disse: "é preferível ter mau hálito, do que não ter hálito algum"
    ...

    Camoesas

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  2. Penso que para o estado terá sido um péssimo negócio e por isso mesmo ILEGAL pois ao venderam artigos abaixo do preço de custo não irão entregar ao estado o valor do IVA que deduziram aquando da compra desses produtos, ou seja vão deduzir mais imposto do que o que entregam e o estado vai perder impostos. Chama-se IVA - imposto sobre o valor ACRESCENTADO - pois parte-se do princípio que há um valor acrescentado (entre o custo e a venda)e sobre esse valor têm as empresas que entregar 23% ao estado. Desta vez como o velor acrescentado é NEGATIVO vão é SACAR...
    Isto é ILEGAL mas a multa parece que é de 30.000 euros, o que para um grupo como a Jerónimo Martins/Pingo Doce são apenas trocos e os impostos que sacaram do estado são por certo muito superiores a essa verba, pelo que ainda têm lucro por cima :(
    Leis? Isso é para os fracos e para os pobres...

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