domingo, 24 de outubro de 2010

Do que o PSD não pode abdicar

Crónica de Camilo Lourenço no Negócios Online.
"Estou no grupo dos que acreditam que o Orçamento para 2011 vai acabar por ser viabilizado.
Porque temos de refinanciar 46 mil milhões de euros em 2011; e porque o PSD está a revelar, nos últimos dias, mais sentido de Estado e bom senso do que o PS (que tem feito tudo para não haver OE). Por último, acredito que a sensatez de pessoas como Eduardo Catroga vai trazer realismo a uma discussão onde tem imperado a berraria, em detrimento da razão.

Assim sendo, o que se pode esperar das negociações? Provavelmente algumas cedências em termos de taxa máxima do IVA (alteração da cesta básica sujeita a 23%), uma e outra cedência nas PPP e, eventualmente, os dados da execução orçamental de 2010. É suficiente? Não. Precisamos de cortar mais na despesa... corrente (que continua a subir) para não aumentar tanto os impostos. Mas o mais importante, aquilo onde o PSD não pode ceder, é a criação de um órgão independente para fiscalizar a execução orçamental (Vítor Bento ou Silva Lopes dariam bons presidentes). A deste Governo e a dos que se lhe seguirem. É impossível ter credibilidade perante os mercados com o "nevoeiro" (intencional) que rodeia as contas públicas: como vamos convencer os mercados de que o OE 2011 é para cumprir se ainda não dissemos o que fracassou no OE 2010? Como vão os eleitores responsabilizar um Governo se não sabem, de fonte independente, o que anda esse Governo a fazer com o seu dinheiro?

A verdade das finanças públicas é coisa muito séria (a menos que não seja porque partilhamos a moeda com outros 15 países) para ser deixada nas mãos de políticos. Ainda para mais, de políticos que mentem..."

camilolourenco@gmail.com

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