Hoje, quem decide em Portugal aceitou que todos nós tenhamos que pagar 9,6% de juros pelos empréstimos a 5 anos que vão financiar as aberrações da gestão pública especialmente das últimas duas décadas.
A União Europeia parece que está agora a acordar, ao não aceitar parte da cosmética contabilística das contas públicas portuguesas, fazendo reflectir no défice as designadas "imparidades" algumas das quais do BPN e BPP. Para os leigos na matéria, significa prejuízos naqueles bancos a suportar pelos impostos dos contribuintes. Disse o Ministro das Finanças Teixeira dos Santos que se não fosse isso, o défice seria de 6,8%. Disse a União Europeia e o Instituto Nacional de Estatística que com isso o défice em 2010 foi de 8,6%. Disse eu (e escrevi) há mais de um ano que estimava que o défice camuflado do BPN representaria entre 2 a 3% do PIB. Já está quase em 2% e no final se verá em quanto fica. E há ainda o famigerado fundo de pensões da PT a aveludar a camuflagem do défice de 2010.
Perguntou-me ontem um amigo, como foi possível chegar-se a este ponto. Respondi-lhe mais ou menos assim: "A enorme ilusão que subsídios e crédito significava riqueza, levou a gravosos erros políticos e de gestão pública, com Parcerias Público-Privadas ruinosas(públicas nos riscos e privadas nos lucros), investimentos vultuosos sem retorno e sustentabilidade, consultadorias, pareceres e projectos muitas vezes por ajuste directo ou com concursos feitos à medida, pagos a peso de ouro, sempre aos mesmos escritórios e gabinetes, atribuição de reformas em condições privilegiadíssimas e sem possibilidade de sustentabilidade a médio e longo prazo, o alargamento do séquito de correligionários à volta dos eleitos em cargos de inutilidade quase total, a corrupção cada vez maior e o alargamento do fosso entre gestores que ganham muito e a esmagadora maioria da população que ganha muito pouco, transformaram-nos neste País iníquo à beira do abismo". Insistiu o meu amigo: "E ainda há solução?" Claro que sim! A ineficiência e o desperdício público é de tal dimensão que é perfeitamente possível recuperar e dois mandatos seriam suficientes. Mas para isso era necessária uma fortíssima vontade política e o grande problema do nosso País é que as elites que nos têm governado são os grandes privilegiados do sistema e dificilmente farão as alterações estruturais necessárias, preferindo a receita tradicional em que é sobretudo a classe média que suporta a maior fatia da crise.
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