terça-feira, 15 de março de 2011
Nuclear - Sim ou Não?
Lembro-me de por volta de 1976/77 quando estudava na Escola Industrial e Comercial de Espinho haver acesa discussão sobre a opção da energia nuclear. Na altura, uma das soluções para a eliminação dos resíduos radioactivos era a selagem em contentores de chumbo e a sua deposição em alto mar nas fossas abissais. Movimentos estudantis protestaram pela opção e eu fui um dos grandes contestatários. Nas décadas seguintes e apesar dos avanços tecnológicos continuei céptico por esta opção para produção barata de energia. Ouvi várias vezes o ex-Ministro Mira Amaral defender esta opção mas nunca me senti convencido pelos seus argumentos. Os riscos nucleares no Japão são reais e parece que bem mais graves do que se poderia supor e isto, mesmo num País vanguardista dessa teconologia e com sofisticada protecção anti-sísmica. O perigo é de tal forma grave que originou que os Ministros europeus com responsabilidade na tutela nuclear reunissem ontem de emergência para analisar as medidas de contigência em catástrofes nucleares. Também foi questionado o risco do recente prolongamento da vida útil por mais 12 anos de algumas instalações nucleares existentes. Portugal tem uma carta sísmica que revela riscos elevados em diversas zonas do País. Continuo a pensar que a opção nuclear não será a melhor solução para Portugal e apesar de todos os inconvenientes, se deveriam reforçar as capacidades das renováveis hidroeléctrica, eólica e biomassa com os benefícios adicionais de regularização de caudais, prevenção de cheias e incêndios. Em simultâneo, devia acentuar-se a promoção da eficiência e racionalização dos consumos energéticos através de um programa nacional, eventualmente financiado pelo QREN, criando emprego qualificado e auto-sustentável pela libertação de fundos originados nas poupanças energéticas.
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