sexta-feira, 11 de março de 2011

E agora com o PEC 4 o corte nas reformas!

Há muito que se adivinhava como incontornável esta medida. Aliás, em bom abono da verdade, do ponto de vista da equidade dos sacrifícios, não se entende que esta dura medida não tivesse sido tomada aquando do corte salarial aos funcionários públicos. Ou melhor, entende-se: um passinho de cada vez, anestesiando as reacções e dividindo para reinar. O que não se entende é que paralelamente aos sacrifícios que têm vindo a ser exigidos, se continue a conceder enormes privilégios aos nomeados políticos, com vencimentos elevadíssimos e a atribuição de regalias inacreditáveis, mesmo em plena vigência das medidas de austeridade. A situação é tão gritante que até o Presidente da República se lhe referiu contundentemente no seu discurso de tomada de posse.
E o mais preocupante é que ainda estamos longe do ponto de viragem. O cumprimento dos objectivos da redução do défice em 2010 foi uma falácia. A contabilização do Fundo de Pensões da PT como uma receita extraordinária foi uma enorme vigarice legal com a cobertura da UE. Mas para os mercados, isso não vale nada! E a prova está à vista, com os juros a subir permanentemente revelando a falta de confiança na capacidade dos responsáveis políticos corrigirem a situação. E de nada vale culpar os mercados. Cada um tem o direito de gastar o seu dinheiro como bem entender. Mas quando quer gastar o dinheiro que não tem e o vai pedir emprestado é normal que seja o credor a definir as condições em que está disposto a conceder crédito. Tudo isto podia ter sido evitado mas os visionários e os mais esclarecidos são quase sempre ignorados e tomados como arautos da desgraça. Relembro entre outros, Medina Carreira. Foi apelidado de pessimista crónico e de louco!
É altura do País acordar desta letargia. É que nem este PEC4 vai ainda resolver o problema do défice e medidas adicionais com reformas administrativas estruturais e o abandono, ou eufemisticamente, o adiamento de algumas grandes obras públicas (TGV, Aeroporto de Lisboa, nova ponte sobre o Tejo e algumas autoestradas), são inevitáveis.
Será que os responsáveis políticos deste País não têm consciência do descontentamento social que cresce e alastra na sua base? Amanhã, nas manifestações da "geração à rasca" e da dos professores em Lisboa ver-se-á a dimensão do descontentamento.

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