sexta-feira, 18 de junho de 2010

A nomeação de Mário Lino e a evocação de Eça de Queirós

Não fora o falecimento de José Saramago e provavelmente a notícia do dia (o relatório da Comissão de Inquérito sobre a TVI nesta fase já é entretenimento) seria a nomeação do ex-Ministro das Obras Públicas, o Eng.º Civil Mário Lino, para presidente do conselho fiscal das companhias de seguros do grupo Caixa Geral de Depósitos, que era ocupado pelo falecido Saldanha Sanches. A notícia pode ser lida na íntegra no Jornal de Negócios em http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=430805.
Impávido e sereno, o País mergulhado em profundíssima crise, fede numa podridão que alastra. Veio-me então à memória, um texto escrito por Eça de Queirós em 1871 e que transcrevo:

"Portugal está perdido. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os carácteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido."

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