sexta-feira, 30 de março de 2012

Ainda a propósito da OPA à Brisa

É frequente os conselhos de administração agendarem para a Assembleia Geral uma autorização para a aquisição de acções próprias. Os argumentos são sempre os mesmos: gestão de tesouraria e defesa do título. Do ponto de vista teórico, argumentos defensáveis e transparentes. Na prática não é bem assim. P.e. no caso presente, como a Brisa detinha acções próprias (compradas em bolsa com o dinheiro do activo da empresa), a holding da família de José de Mello, não precisou de deter mais de 50% das acções da empresa para ter o controlo maioritário da mesma. Uma forma perfeitamente legal, de com o dinheiro da empresa (de todos os accionistas), assegurar o controlo maioritario em benefício próprio. Mas a ambição de apropriação da família José de Mello do potencial de valorização da Brisa é de facto impressionante: a escassez de crédito potenciu a descida das cotações para níveis quase irracionais (isto, se não tiver havido manipulação nos últimos meses com posições vendedoras em CFD e compradoras no mercado à vista o que deveria ser averiguado pela CMVM), o valor contabilístico da empresa é superior ao valor agora oferecido na OPA o que significaria que a empresa estaria a ser vendida numa óptica de liquidação e que as concessões ainda em vigor para as próximas décadas não gerariam valor acrescentado. Para quem gosta destas coisas da Bolsa, sugiro ainda uma análise comparada com a Cimpor, nos últimos 3 anos. Com o prémio de controlo total, o justo valor das acções da Brisa nesta data, deverá situar-se no intervalo 3,50-4,50€ por acção. Por baixo!

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