sexta-feira, 4 de maio de 2012

ASSASSINATO DE FRANCISCO SÁ CARNEIRO - CONFISSÃO DE FERNANDO FARINHA SIMÕES - Parte 5

Continuação...

"Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado.
É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton.
Nesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver North , chamado Penaguião.
Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro.
Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que conseguirá meter Sá Carneiro no Avião.
Penaguião afirma, de forma fria e directa que Sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma matavam dois coelhos de uma cajadada!"
Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do tráfico de armas, e na descoberta do chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado para incluir as duas pessoas.
Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.
Fico muito nervoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado.
Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua palavra era sempre escutada.
No final do jantar, juntam-se a nós três o Gen. Diogo Neto e o Cor. Vinhas.
Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi.
Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito tempo.
Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser, teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA.
Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros lideres do PSD e do PS.
Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo.
Isto e a usual “realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será.
Três dias antes do atentado há uma nova reunião, na Rua das Pretas no Palácio Roquete, onde participam Canto e Castro, Farinha Simões, Lee Rodrigues, José Esteves e Carlos Miranda
Carlos Miranda colaborou na montagem do engenho explosivo com José Esteves, tendo ido várias vezes a casa de José Esteves.

Nessa reunião são acertados os últimos pormenores do atentado.
Nessa reunião, Lee Rodrigues diz que ele está preparado para a operação e Canto e Castro diz que o atentado será a 3 ou 4 de Dezembro.
Nessa reunião é dito que o alvo é Adelino Amaro da Costa.
No dia seguinte encontramo-nos com Canto e Castro no Hotel Sheraton, e vamos jantar ao restaurante " O Polícia".
No dia 4 de Dezembro, telefono de um telefone no Areeiro, para o Sr. William Hasselberg, na Embaixada dos EUA, para confirmar que o atentado é para realizar, tendo-me este referido que sim.
Desse modo, à tarde, José Esteves traz uma mala a minha casa, e vamos os dois para o aeroporto.
Conduzo José Esteves ao aeroporto, num BMW do José Esteves.
Já no aeroporto, José Esteves e eu entramos no aeroporto, por uma porta lateral, junto a um posto da Guarda Fiscal, utilizando o cartão forjado, anteriormente referido.
Depois José Esteves desloca-se e entrega a mala, com o engenho, a Lee Rodrigues, que aparece com uma farda de piloto e é também visto por mim.
Depois de cerca de 15 minutos, sai já sem a mala, e sai comigo do aeroporto.
Separamo-nos, mas mais tarde José esteves encontra-se novamente comigo no cabeleireiro Bacta, no centro comercial Alvalade.
Depois José esteves aparece em minha casa com a companheira da época, de nome Gina, e com um saco de roupa para lá ficar por precaução.
Ouvimos depois o noticiário das 20 horas na televisão, e José Esteves fica muito surpreendido, pois não sabia que Sá Carneiro também ia no avião."
Continua...

3 comentários:

  1. Caríssimo David Almeida,

    Desculpe a reprodução deste meu comentário mas, como são intermináveis os seus posts (e conteúdos) referentes ao falecido, a tanta insistência sou impelido à proporcional réplica (leia-se comentários).

    Estimado David Almeida,

    Com o devido respeito e salvaguardadas as distâncias, nestes últimos posts, o seu blog parece uma telenovela!

    As transcrições e/ou reproduções (parciais ou não)e a sobreposição de posts infindáveis sobre o mesmo tema...parecem-me mais do mesmo que, é igual a nada.

    O que pudesse ser feito atempadamente, não o foi ou, se o foi, não o foi da melhor maneira.
    Os advogados jogaram e souberam-no fazer, bem feito, acabou!

    No que respeita ao aspecto legal, julgo nada haver a fazer, ponto final.

    No que respeita ao mito que se criou, acho ab surdo; mais um James Dean; Sá Carneiro, e já agora, aquele miúdo que cantava e se "espalhou" num Mercedes reconstruído após destruição quase total...

    Poderiam ter sido isto e aquilo, poderiam ter sido diferentes, poderiam ter sido os melhores e os maiores,poderiam ter sido Quase-Deuses mas... não foram!

    Criar mitos é fácil e contenta muita gente mas, é perigoso. Por isso o corpo de Jesus Cristo desapareceu (dizem que resscuscitou e subiu aos céus...)o corpo do Saddam Hussein foi deitado ao mar (dizem eles...) e o Jim Morrisson terá uma campa, bem como a Marilyn e aquele que faleceu com côr diferente daquela com qua nasceu.

    O aeroporto do Porto, é Pedras Rubras, sempre o foi. A ponte sobre o Tejo não é 25 de Abril!

    Por muito que me custe dizer, D. Sebastião não regressará num destes actuais nevoeiros para corrigir (peço desculpa) a MERDA toda que Passos Coelho está a fazer e que durante 38 anos todos os outros incompetentes antecessores fizeram.

    Sá Carneiro morreu, como morreu o meu pai, outros meus familiares e familiares de muitos outros Portugueses!

    Se o meu Pai não tivesse morrido, eu poderia ter tido e ter hoje, mais irmãos...
    ...Mas não tenho, o meu Pai morreu!

    Sá Carneiro morreu!

    Só fez aquilo que fez, nada mais.


    Desculpem todos os que esperam por ele e esperavam que algo mais fizesse por nós. (seja ele Sá Carneiro ou D. Sebastião).


    Diz-se que Friedrich Nietzsche afirmou e divulgou a morte de Deus mas, quando Nietzsche morreu, alguém terá escrito uma espécie de graffiti numa qualquer (mas importante e visível parede) que Nietzsche morrera, assinando como ...
    ...Deus!

    Sá Carneiro Morreu!

    Felizmente temos (ainda) herois vivos que fizeram o que de bem feito se lhes reconhece. Felizmente temos ainda vivas, pessoas que fizeram algo e muito por nós.

    Felizmente ainda estão vivos Mário Soares e Ramalho Eanes (ambos Doutores, Eanes também General), reconheça-se publicamente a cada um, aquilo que de bem fez em prole dos outros!

    Sá Carneiro fez o quê? Desculpem a continuação de "mais do mesmo", de mais...nada a acrescentar......Não digo, afinal todos sabem que é mais um mito, mais alguém que poderia ter feito isto e aquilo, mas não fez, MORREU! poderia ter feito...

    Aeroporto quê?
    Porquê?
    Fundação quê?
    Com o património de quem?

    Camoesas, 04 Maio 2012

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  2. Caríssimo David Almeida,

    Permita-me uma sugestão;
    Não seria mais fácil e menos cansativo para os seus leitores (e seguidores...) apenas colocar o link e quando mais, um breve excerto?

    Assim, torna-se cansativo para os seus seguidores e parece um recalcamento/frustração ou quiçá algo pior; uma espécie de "seguidismo" de algo que não chegou a ser passível de ser seguido...


    Os melhores e mais cordiais cumprimentos, não leve a mal,


    Camoesas

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  3. Caríssimo Carlos Camoesas,
    Acabei de responder no post anterior onde expliquei as razões: nenhum seguidismo, nenhum messianismo. Apenas me interessa o esclarecimento histórico de uma fase conturbada da nossa história contemporânea e que até agora se tinha mantido inconclusiva por falta (ou desaparecimento) das provas. E também me parece importante esta viagem pelo interior sinistro de grandes organizações. Mesmo sendo longa a carta, talvez no final, os leitores, apesar da realidade assustadora e inuietante, não considerem ter perdido o seu tempo. Pelo menos assim o espero. São apenas estes os objectivos da publicação.
    David Almeida

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